Mercosul sai em apoio ao governo do Equador e condena crime 'transnacional'
Numa declaração negociada nesta quarta-feira, o Mercosul saiu em apoio ao governo do Equador. O grupo ainda condenou a violência do crime organizado e sinalizou que o tema é de preocupação de toda a região.
Os Estados Partes do Mercosul condenam veementemente os atos de violência perpetrados por grupos relacionados ao crime organizado transnacional que afetam a segurança interna da República do Equador.
Os Estados Partes do Mercosul expressam sua solidariedade ao povo e ao governo do Equador, assim como seu respaldo irrestrito à institucionalidade democrática desse país, no marco do respeito aos direitos humanos.
Trecho da nota assinada por todos os países do bloco sul-americano
Nesta quarta-feira, o tema foi tratado em uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu assessor Celso Amorim e o chanceler Mauro Vieira.
De acordo com fontes diplomáticas, o presidente equatoriano Daniel Noboa fez um apelo aos governos da região por apoio e um respaldo na luta contra o crime organizado. O mesmo apoio seria solicitado por Quito em organismos internacionais.
Na nota do Mercosul, porém, há uma referência para que as instituições democráticas e os direitos humanos sejam garantidos.
A crise no Equador se soma à situação conturbada da América do Sul. Além da violência em Quito, a provocação entre Venezuela e Guiana e as dúvidas sobre o destino dos planos do governo de Javier Milei, na Argentina, marcam um começo de 2024 tenso na região.
Para diplomatas, a situação revela a dificuldade que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva terá para cumprir seu objetivo de promover um "reencontro" do continente e buscar formas de promover uma nova fase de integração.
O que está acontecendo no Equador?
O país está sob estado de exceção desde o último domingo (7), quando o homem mais perigoso do país fugiu da prisão. É José Adolfo Macías Villamar, apelidado de Fito, líder da facção criminosa Los Choneros e condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e homicídio. Ele estava preso desde 2011.
Fito é suspeito de ter tramado o assassinato do candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio, em agosto do ano passado.
O presidente equatoriano decretou estado de "conflito armado interno" no país por 60 dias. A decisão ocorreu ontem, após a invasão a uma emissora de TV e à Universidade de Guayaquil. A ordem permite o uso do Exército contra grupos de criminosos ligados ao narcotráfico e ao crime organizado.
Outro chefe de facção fugiu ontem. Fabricio Colón Pico, do Los Lobos, havia sido preso na última sexta (5) sob suspeita de participar de um sequestro e de tramar um plano para assassinar a chefe do Ministério Público.
O Equador se transformou em reduto do narcotráfico, localizado entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína. Em 2023, o país de 17 milhões de habitantes registrou mais de 7.800 homicídios e apreendeu 220 toneladas de droga.
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