Jamil Chade

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Reportagem

Justiça sobre Marielle é importante para toda sociedade brasileira, diz ONU


O Alto Comissariado da ONU para Direito Humanos afirmou neste domingo que está seguindo "de perto" o caso envolvendo o assassinato de Marielle Franco.

Num comunicado enviado ao UOL, a entidade destaca:

O assassinato de Marielle Franco é um caso emblemático, e é extremamente importante, não apenas para sua família, mas para a sociedade brasileira como um todo, que seja feita justiça plena em seu caso.

Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos

O UOL revelou com exclusividade que a ONU passou a acompanhar o caso de Marielle, desde os primeiros dias do processo. Quando Jair Bolsonaro tomou posse, em 1 de janeiro de 2019, havia uma carta sobre a mesa de sua administração. Nela, relatores da ONU cobravam explicações sobre a morte de Marielle Franco.

Dois meses depois, Damares Alves fez sua primeira visita às Nações Unidas, na condição de ministra dos Direitos Humanos. Mas, apesar da pressão internacional e das cobras de órgãos estrangeiras, ela optou por se calar diante da morte da vereadora.

Longe do foco da imprensa, nos bastidores, a ONU e governos estrangeiros passaram a cobrar o Brasil por respostas. O debate chegou a fazer parte de negociações, como a criação de um mecanismo nas Nações Unidas que iria examinar a questão do racismo.

O governo Bolsonaro fez de tudo para esvaziar o estabelecimento do mecanismos. Mas, com a pressão global também pela morte de George Floyd, nos EUA, o processo foi adiante.

Quando o primeiro relatório surgiu, o caso de Marielle Franco era um dos citados e tomado como emblemático no mundo.

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Em 2023, a ONU apontou que era necessário que os mandantes do crime enfrentassem a Justiça, e alertou que o ex-presidente, Jair Bolsonaro alimentou a violência política no país. "Não deveria haver impunidade: não apenas para aqueles que realmente executaram o assassinato de Marielle Franco, mas também para aqueles que presumivelmente o ordenaram", disse Jan Jarab, representante do Escritório de Direitos Humanos da ONU na América do Sul.

"Seu assassinato foi um caso emblemático, fazendo parte de uma preocupante tendência mais ampla de violência política - de discurso de ódio misógino, racista e homofóbico, assédio on-line e ameaças de morte e, em alguns casos, ataques reais contra mulheres, particularmente mulheres negras, e pessoas LGBTIQ na política local ou nacional, ativistas e jornalistas", disse.

"Esta tendência tem crescido nos últimos cinco anos, impulsionada em grande parte por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que ele mesmo a alimentou", alertou.

Na sede das Nações Unidas, em Genebra, a cúpula da entidade ainda recebeu nos úlrimos anos Anielle Franco e Monica Benício, que também denunciaram os obstáculos por parte da gestão anterior em fazer o tema avançar.

"É encorajador que o novo governo esteja tomando uma posição forte contra o racismo e todas as formas de discriminação e a nomeação da irmã de Marielle Franco, Anielle, como ministra da Igualdade Racial envia uma mensagem poderosa", disse Jarab, ainda no ano passado.

"Entretanto, é claro que na sociedade brasileira a misoginia, o racismo e a homofobia são profundos. Esforços sustentados de toda a sociedade serão necessários para superar isto. O Escritório de Direitos Humanos da ONU está pronto para dar apoio ao Brasil a este respeito", completou o representante.

Reportagem

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