Jamil Chade

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ONU diz que Israel não permitirá mais ajuda de agência ao epicentro da fome

A ONU acusou o governo de Israel de ter proibido que sua agência para refugiados palestinos, a UNRWA, seja autorizada a entregar alimentos no norte de Gaza, região mais afetada pelos combates e onde a fome seria iminente.

Nas redes sociais, o chefe da agência, Philippe Lazzarini, afirmou que "apesar da tragédia que se desenrola diante de nós, as autoridades israelenses informaram às Nações Unidas que não irão mais aprovar nenhum comboio de alimentos da UNRWA ao norte (de Gaza)".

Isso é escandaloso e faz a obstrução ser deliberada.
Philippe Lazzarini, chefe da agência

O governo de Israel ainda não se pronunciou. Mas, nos últimos dias, seus representantes afirmaram ao UOL que a agência precisa encarar suas atividades. A acusação é de que 12 funcionários da organização tenham participado de alguma forma dos ataques do Hamas, em 7 de outubro contra Israel.

A ONU afirma que esses funcionários já foram demitidos e que um trabalho de investigação está ocorrendo. Mas insiste que seus mais de 13 mil funcionários garantem a sobrevivência hoje dos palestinos em Gaza.

A decisão de barrar os comboios de alimentos foi comunicada por militares israelenses aos funcionários da ONU no domingo (24). Isso ocorreu depois que Israel sequer respondeu a duas cartas enviadas pela agência, fazendo a solicitação para que a passagem fosse autorizada para seus caminhões.

Tedros Gebreyesus, diretor-geral da OMS, alertou que a decisão de Israel era "de fato uma medida que iria negar às pessoas com fome a habilidade de sobreviver".

"Milhares serão colocados a um passo mais perto da fome", alertou Martin Griffiths, chefe de operações humanitárias da ONU.

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A proibição ocorre num momento em que o secretário-geral da ONU, António Guterres, elevou o tom de críticas contra Israel e desafiou o governo de Benjamin Netanyahu, ao ir à fronteira de Gaza e pedir que o acesso aos alimentos sejam garantidos.

Nesta segunda (25), ele ainda afirmou que retirar o financiamento da agência é "cruel". De acordo com ele, uma operação de Israel em Rafah, onde estão milhares de palestinos, seria uma "catástrofe humanitária".

Israel, porém, deixou claro na sexta (22) durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU que "o único passo para um cessar-fogo" é a "aniquilação do Hamas" e indicou que a operação em Rafah faz parte dessa estratégia.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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