Instituto Marielle Franco e ativistas exigem na ONU justiça por vereadora
Num discurso na ONU nesta quarta-feira, o Instituto Marielle Franco alertou que o caso do assassinato da vereadora revelou a conexão entre o crime organizado, a polícia e a política no Rio de Janeiro. Indicou, porém, que o caso ainda não está concluído e cobrou uma resposta definitiva por parte da Justiça.
A iniciativa da instituição foi apoiada por 28 entidades de direitos humanos nacionais e estrangeiras, entre elas o Washington Brazil Office, IBASE, Instituto Vladimir Herzog, Conectas, International Federation for Human Rights e International Service for Human Rights,
"Seis anos após o assassinato brutal de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, a Polícia Federal identificou os supostos autores intelectuais do crime: dois políticos de alto escalão e um ex-chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro", afirmou Lígia Batista, diretora executiva do Instituto Marielle Franco, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Segundo ela, trata-se de passo positivo, mas alerta que ainda falta a acusação e condenação dos culpados. "Ninguém foi oficialmente responsabilizado até o momento, pois todos os supostos executores e autores intelectuais estão sob prisão preventiva", afirmou.
Num apelo ao Conselho da ONU, a ativista chama a atenção da comunidade internacional para o "esquema exposto" por trás dos assassinatos de Marielle e Anderson: "um exemplo ultrajante que reflete os impactos históricos da impunidade estrutural em casos de violações de direitos humanos cometidas por agentes do Estado e ex-agentes do Estado no Brasil".
O fato de os supostos executores serem ex-policiais militares e de os que supostamente ordenaram o crime serem autoridades de alto escalão indica conexões preocupantes entre o crime organizado, a polícia e a política local no Rio de Janeiro.
Lígia Batista, diretora executiva do Instituto Marielle Franco
Segundo ela, Marielle "ainda está movimentando as estruturas de poder". "Nós continuaremos lutando por justiça, defendendo sua memória, divulgando seu legado e plantando suas sementes para um novo futuro, marcado pelo cumprimento dos direitos fundamentais e pela dignidade para todos", afirmou.
No último fim de semana, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa foram presos preventivamente pela Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os irmãos Brazão são suspeitos de ser mandantes do assassinato e o delegado, de obstrução de justiça — todos negam envolvimento no caso.
Além do Instituto Marielle Franco, as seguintes entidades nacionais e estrangeiras apoiaram a iniciativa de levar o caso para a ONU:
- A Tenda das Candidatas;
- Artigo 19 Brasil;
- Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos;
- Association for the Prevention of Torture;
- Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social;
- Coletivo de Entidades Negras - Brasil;
- Coletivo Fala Akari;
- Conectas Direitos Humanos,;
- EspicyNipples;
- Girl Up Brasil;
- Institute of Afrodiasporic Studies;
- Instituto Alziras;
- Instituto Brasileiro de Direitos Humanos;
- Instituto Búzios;
- Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos;
- Instituto Democracia em Xeque;
- Instituto Vladimir Herzog;
- International Federation for Human Rights;
- International Service for Human Rights;
- Mano Amiga de la Costa Chica;
- Minority Rights Group International;
- Movimento Mulheres Negras Decidem;
- Movimento Nacional de Direitos Humanos;
- Observatório da Branquitude;
- Peckham Rights;
- onteAponte;
- Radiofonicas - Colombia;
- Themis Gênero Justiça e Direitos Humanos.
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