Jamil Chade

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Violência leva governo Lula a retirar brasileiros do Haiti

O governo brasileiro retirou nesta quarta-feira (10) sete brasileiros que estavam no Haiti, diante do agravamento da situação de segurança no no país e do fechamento prolongado do aeroporto internacional de Porto Príncipe.

Numa nota oficial, o Itamaraty informou que "o governo brasileiro realizou operação de evacuação, hoje, 10/4/2024, em benefício de sete brasileiros que manifestaram a intenção de deixar aquele país".

Segundo a chancelaria, outros 59 brasileiros identificados pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe decidiram permanecer no país ou optaram por sair por meios próprios.

"Os nacionais partiram em dois voos de helicóptero rumo à cidade fronteiriça de Jimaní, na República Dominicana, onde foram recebidos por funcionários da Embaixada em São Domingos e trasladados até aquela capital", afirmou.

"Na operação de resgate foi incluída, a pedido e às custas do governo alemão, cidadã alemã idosa, por razões humanitárias", explicou o governo.

O Haiti está sem presidente desde o assassinato de Jovenel Moïse em 2021, e não tem mais um parlamento em exercício. As últimas eleições foram realizadas em 2016. Gangues e milícias passaram a controlar 80% da capital e, apenas em 2024, a ONU estima que mais de 1.500 pessoas foram assassinadas. Em 2023, outros 4.400 haitianos morreram diante da violência e mais de 20 mil deixaram a capital do país.

O Haiti, país mais pobre do Hemisfério Ocidental, ainda vive uma profunda crise humanitária.

A retirada dos brasileiros ocorre um mês depois de o Itamaraty anunciar que, também por conta da violência, o governo brasileiro suspendeu os atendimentos presenciais no consulado do Brasil na capital Porto Príncipe.

Numa nota, a chancelaria explicou que "em razão do recrudescimento da crise de segurança no Haiti, que implicou a recente decretação do estado de emergência, a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, com o objetivo de minimizar os riscos à vida e segurança do público e dos funcionários da repartição, viu-se obrigada a suspender, desde o último dia 4 de março, o atendimento presencial do seu Setor Consular".

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De acordo com o governo, a embaixada continua funcionando e "monitora permanentemente a evolução da crise". O plantão consular da Embaixada permanece em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.

A violência no Haiti ganhou uma dimensão sem precedentes nas últimas semanas, levando a um colapso da segurança pública e com diferentes grupos armados controlando zonas inteiras da capital e até do país.

A crise levou o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, à renúncia. Sua saída era exigida por grupos armados. Gangues e policiais passaram a entrar em conflito em locais como o palácio presidencial, delegacias e prisões.

A União Europeia anunciou a evacuação de todos os seus funcionários do país e a ONU também anunciou a suspensão de parte de sua ação no país.

"A insegurança forçou o Fundo Mundial de Alimentação a suspender seu serviço de transporte marítimo", indicou a agência internacional em um comunicado. "Com as estradas bloqueadas, essa era a única maneira de transportar alimentos e medicamentos para organizações de ajuda e desenvolvimento da capital Porto Príncipe para outras partes do país", disse.

Segundo a ONU, os parceiros humanitários relatam escassez de medicamentos e equipamentos médicos, além de sangue, leitos e pessoal para tratar pacientes com ferimentos a bala nas áreas próximas a Porto Príncipe.

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"As mulheres foram afetadas de forma desproporcional pela violência e representam pouco mais da metade dos deslocados. Se a violência continuar, cerca de 3.000 mulheres grávidas em Porto Príncipe podem não receber o atendimento médico de que precisam", aponta a ONU.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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