Jamil Chade

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Opinião

A Bola de Ouro foi entregue hoje, e a humanidade venceu

A Bola de Ouro foi entregue hoje. Não há mais nada a examinar no ano de 2024. Ao colocar o tema do racismo no centro da agenda de um esporte que deliberadamente opta pela cegueira, Vini Jr. revelou ao mundo sua real dimensão.

Na decisão de uma corte na Espanha contra racistas, a vitória foi da humanidade. Pouco importa as nacionalidades dos condenados. Sabemos que, em casa, também temos os nossos. E, nos últimos anos, eles se sentiram empoderados e alimentados pelo ódio.

Enquanto uns anunciam que vão colocar um sapato na bola dela, enquanto outros forçam um beijo em pleno palco de medalhas, Vini Jr. ajuda a reposicionar o futebol e mostra que há como ser astro global e um ator social.

Vini Jr. pode ajudar a moldar uma nova geração. Para milhões de garotos, ele é a nova referência. Cada passe será copiado e ensaiado à exaustão por garotos no Senegal, na Suíça ou em Manaus. Assim como serão copiados e recebidos como inspiração cada declaração que optar por dar. Seus pés não mais fazem apenas gols. Eles podem contribuir para mudar o mundo.

Recuso-me a enxergar o estádio apenas como um local de entretenimento. Ele é uma caixa de ressonância da esperança, dos sonhos e mesmo da violência da sociedade.

Não há motivo, portanto, para pensar que o esporte não possa ser um instrumento de Justiça social e de promoção de valores humanistas.

Hoje, ao levar os racistas a uma condenação, Vinicius Jr. marcou o seu gol mais decisivo da temporada.

Com seu corpo, uniforme e vibração, ele manda uma mensagem a garotos de que a democracia precisa ser defendida, que a indignação não pode vir apenas no momento de um pênalti não marcado, que a união dos torcedores pode ser a união por dignidade, que o racismo é inaceitável, que a defesa do direito de cada uma das meninas é a garantia de uma sociedade mais justa.

Se ele optasse apenas por jogar futebol, os troféus seriam merecidamente seus. E, como ocorreu nestes últimos dias, aplaudiremos de pé.

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Mas ao optar por fazer a diferença numa sociedade carente de líderes, a conquista passou a ser de milhões de crianças que poderão não apenas sonhar com um futuro, mas sim construí-lo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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