Brasil diz na ONU que incêndios mostram que ação terá de ser intensificada
O governo brasileiro afirmou na ONU que os incêndios no país revelam que serão necessárias ações mais intensas para prevenir as mudanças climáticas. O alerta foi uma espécie de "prévia" da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, a partir do fim de semana.
Num discurso nesta quinta-feira, Sérgio Danese, embaixador brasileiro na ONU, destacou os avanços sociais no Brasil e apontou para o papel que o país pode ter no cenário internacional.
Mas admitiu que "as tragédias das enchentes no Rio Grande do Sul e, mais recentemente, das queimadas em boa parte do território nacional alertam para a necessidade de intensificar nossas ações de mitigação e prevenção à mudança do clima, de proteção ambiental e de ampliação de políticas de desenvolvimento sustentável, em particular o combate à pobreza e à desigualdade".
Danese abriu a reunião do Pacto Global - Rede Brasil, na sede da ONU em Nova York.
Lula desembarca na cidade americana no sábado (21) e, a partir do domingo, participa de cúpulas e terá reuniões com mais de uma dezena de líderes estrangeiros. Se seu discurso está sendo elaborado já há semanas, o texto está neste momento no Palácio do Planalto para uma definição.
Num rascunho que circulou por áreas do governo, a fala de Lula na ONU citava a necessidade de uma reforma completa do sistema internacional, inclusive com a reforma da Carta das Nações Unidas, ampliação do Conselho de Segurança e uma mudança nas instituições financeiras.
Temas como plataformas digitais - e seus poderosos donos -, a democracia e questão climática também estavam no rascunho.
Fontes em Brasília destacaram que, diante dessa realidade de incêndios, o discurso de Lula precisa estar "conectado" com a realidade. Um dos temores é de que os incêndios sufoquem a tentativa de o Brasil assumir a liderança do debate ambiental na ONU, nesta semana.
Recado aos países ricos
Durante sua fala nesta quinta-feira, Danese fez ainda questão de destacar o comportamento das economias desenvolvidas, fechando mercados e optando por romper com regras comerciais.
"No campo econômico, a globalização da virada no século tem lentamente dado lugar ao retorno do nacionalismo industrial e do comércio administrado", disse o diplomata.
No evento desta quinta-feira, o embaixador brasileiro sinalizou para uma crítica também ao modelo de desenvolvimento econômico.
"Produto de um desenvolvimento econômico desequilibrado e em larga medida irresponsável, os fenômenos climáticos extremos mostram que os efeitos da ação humana sobre o meio ambiente não são assunto para futuras gerações, mas uma urgência aqui e agora".
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