Tragédia escolar confirma que política armamentista bolsonarista deu errado
Mais um ataque no ambiente escolar com armas de fogo e mais uma vez temos a confirmação de que políticas que estimulam o acesso de armas de fogo à população resultam em tragédias como a desta semana, quando um adolescente de 16 anos matou a tiros uma aluna e feriu outras na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital paulista.
A ideia estúpida de incutir na população o direito da legítima defesa se utilizando de armas de fogo favorece, na verdade, o acesso mais fácil dessas armas ao crime organizado, e consequentemente o aumento da criminalidade e dos acidentes.
Além disso, uma arma num ambiente doméstico, sem o devido cuidado, pode ter uso devastador. As políticas de facilitação de armas a civis estimuladas pelo governo Bolsonaro já demostraram resultados desastrosos.
O discurso pró-armas para qualquer sociedade exime a responsabilidade do Estado na segurança pública e delega essa função ao cidadão comum, com a ilusão de que ele poderá se defender. Na verdade, não deixa de ser uma confissão de que o governo é incapaz de lidar com a criminalidade e que não possui um plano eficaz de segurança pública.
Em entrevista para uma TV argentina, Eduardo Bolsonaro foi cortado ao defender armas para cidadãos. Na sequência, os jornalistas ainda salientaram que a Argentina e os argentinos eram ainda muito generosos por "receber esse tipo de gente" e que "por isso que os brasileiros, com lógica, tiraram o seu pai do poder, felizmente".
A atitude dos jornalistas só demostra o quanto esse discurso armamentista é absurdo e o quanto não se deve dar palanque para políticos como os da família Bolsonaro.
Obviamente que o sistema educacional falhou e continua falhando no que diz respeito à prevenção de violência nas escolas. Em depoimento à polícia, o atirador disse que cometeu o ataque por sofrer bullying e apanhar constantemente dos colegas, o que foi confirmado por outros alunos.
Isto é, temos um cenário perfeito para uma tragédia: acesso à arma do pai, descaso da escola, falta de um plano de governo efetivo de prevenção, falta de investimento na educação, falta de valorização de profissionais e muitas outras falhas.
O governador Tarcísio de Freitas lamentou o ataque e a morte da estudante e disse que as ações do governo estadual precisam ser revistas e que há a possibilidade de ter havido falha nos protocolos de segurança.
Não vejo uma solução a curto prazo, ainda mais levando em consideração um governo que se recusa a implantar câmaras corporais nos uniformes policiais, por exemplo. Pois não se trata apenas de protocolos falhos de segurança, mas de uma visão de governo que não enxerga a educação como um pilar fundamental e que aposta numa política punitivista e violenta.
Quantas tragédias ainda veremos até que a educação seja, de fato, levada a sério e não seja lembrada apenas em momentos dolorosos como este?
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