Petismo flex é mais forte do que bolsonarismo raiz em SP, mostra Datafolha
Uma pesquisa feita pelo Datafolha mostrou que o petismo está mais forte do que o bolsonarismo na cidade de São Paulo. Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL José Roberto de Toledo apresentou os números que comprovam que há mais pessoas petistas, ou menos que familiarizam com o Partido dos Trabalhadores, do que eleitores que se consideram "bolsonaristas raízes".
Petismo flex é mais forte do que o bolsonarismo raiz em São Paulo. José Roberto de Toledo
Quase metade dos paulistanos apoia o PT de alguma forma. A pesquisa do Datafolha criou uma escala de um a cinco em que a pessoa que se considerasse bolsonarista raiz escolheria o número um, enquanto o petista raiz escolheria o número cinco. 32% dos paulistanos se declararam petistas raízes e outros 12% assinalaram o número quatro, ou seja, possuem alguma familiaridade e aproximação com o PT. Há, portanto, 45% de potenciais eleitores do PT em São Paulo, o que mostra uma força eleitoral muito grande.
Número de bolsonaristas fica muito abaixo do número de petistas. Enquanto 45% do eleitorado paulistano possui alguma familiaridade com o PT, o número de bolsonaristas é menos da metade. Apenas 15% dos eleitores se declararam bolsonaristas raízes e outros 6% afirmaram ter algum tipo de simpatia, ou seja, apenas 21% do eleitorado se declara bolsonarista de alguma forma. Há ainda 26% dos eleitores que ficam no meio do caminho e vão para a direita ou para a esquerda, principalmente devido ao desempenho da economia.
Boulos ainda precisa crescer dentro do eleitorado petista. O índice de petistas na cidade de São Paulo é uma boa notícia para Guilherme Boulos (PSOL) na disputa das eleições municipais. Entretanto, apenas 72% das pessoas que declaram voto em Boulos estão na categoria de petista raiz ou simpatizantes do PT. Boulos ainda precisa crescer bastante dentro do eleitorado que se diz petista.
Ricardo Nunes também tem apoio de petistas. Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo e possível grande adversário de Boulos, tem o maior percentual de seus eleitores identificados como petistas. 40% das pessoas que dizem votar no atual prefeito se dizem petistas, raiz ou dentro da área de influência. Esse é o maior grupo de eleitores de Nunes, uma vez que apenas 33% de seus votos são provenientes de pessoas que se dizem bolsonaristas.
Dois problemas para Ricardo Nunes na corrida eleitoral. Nunes não poderá falar mal de Lula em sua campanha, uma vez que a maior parte de seu eleitorado é petista e considera o governo do atual presidente ótimo ou bom e, por outro lado, só 1/3 de seus votos vêm do bolsonarismo. O atual prefeito terá que se jogar de cabeça para conquistar o voto de bolsonaristas, mas não poderá falar mal de Lula para conseguir esses votos. Nunes está, portanto, emparedado.
Capital político de Lula poderá ajudar Boulos. Lula possui bastante capital político em São Paulo, sobretudo, pelo bom desempenho da economia. Se a economia continuar melhorando, ou no mínimo não piorar, ele poderá ser um grande trunfo para Boulos. Em 2012, inclusive, o atual presidente carregou Haddad rumo à vitória em São Paulo, uma vez que o atual ministro da Economia não possuía tanta expressão política.
Um problema é melhor do que dois problemas. O problema para Boulos é convencer um número maior de petistas a votarem nele e também conseguir crescer nas periferias. Ricardo Nunes, por outro lado, não pode perder o apoio que possui de petistas e ao mesmo tempo terá que conquistar o voto de bolsonaristas.
Bolsonaro tem grande rejeição em São Paulo. A pesquisa do Datafolha também apontou que 55% dos eleitores de Ricardo Nunes não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado por Bolsonaro. O atual prefeito está em uma encruzilhada mas, a seu favor, há o fato de que eleitores que se consideram antipetistas votariam em qualquer candidato que não seja Guilherme Boulos.
***
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 19h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja a íntegra do programa:
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.