PM-SP mata 81% mais e regride à letalidade pré-câmeras nas fardas
No primeiro trimestre deste ano, a Polícia Militar de São Paulo matou 207 pessoas - média de 69 corpos por mês. É exatamente a mesma média que havia antes de 2021, quando começou a instalação das câmeras nas fardas dos policiais. A média mensal de mortos não apenas cresceu. Ela cresceu 81% em 2024 na comparação com a média mensal de 2023. A violência policial vem acelerando em São Paulo desde a troca de governo.
A tendência de aumento da letalidade policial começou com a posse de Tarcísio de Freitas como governador.
Tarcísio nomeou um ex-capitão da PM-SP secretário de Segurança.
Nesses 15 meses de gestão de ambos, as mortes por policiais dispararam, principalmente por PMs.
Foram de 98 no primeiro trimestre de 2022 para 207 nos primeiros três meses de 2024, mais do que o dobro.
E daí? A letalidade policial paulista é um problema tão grave que o Ministério Público criou um grupo de controle externo da atividade policial (Gaesp). O Gaesp faz monitoramento diário das mortes pela polícia. Segundo dados do grupo, a polícia matou 5.455 pessoas no estado de São Paulo entre 2017 e 2024. Mais de 90% dessas mortes foram cometidas por PMs.
Nos dois últimos anos do governo Doria, após ele ter começado a instalar as câmeras nas fardas de alguns batalhões da PM, a letalidade policial despencou em São Paulo:
Entre 2021 e 2022, a média mensal de mortos pela polícia foi de 40 por mês.
Queda de 42% em comparação à média de 2017 a 2020.
A principal causa dessa queda foi a instalação das câmeras que filmam as ações dos policiais militares em tempo real.
Porém, desde a posse de Tarcísio, a tendência de queda se inverteu. O responsável foi Derrite. Ele é contra as câmeras nas fardas, não acha que a letalidade policial seja um problema ("Eu nem sabia que tinham sido 56 mortos na Operação Verão", disse esta semana em entrevista) e está promovendo uma troca da grande maioria dos coronéis que comandam a PM e lhe faziam oposição.
Tudo isso junto tem como consequência o aumento das mortes por policiais e de policiais. Quanto mais violenta é a polícia, maior é o risco que os policiais enfrentam no seu dia a dia.
A alegada ignorância do secretário Derrite sobre as mortes pela PM não encontra respaldo nos fatos nem nas estatísticas. Tudo aponta para uma política deliberada que leva ao aumento da letalidade policial. Derrite é apontado como um possível sucessor de Tarcísio, caso o governador dispute a eleição presidencial em 2026. O capitão foi eleito deputado federal em 2022.
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