Preso do PCC faz da cela uma "biqueira" em presídio de segurança máxima
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A cela 513 do Pavilhão 5 da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), considerada de segurança máxima, era a "biqueira" — ponto de venda de drogas — do presidiário Alexandre Amorim de Freitas, 44 anos, apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O preso foi condenado no mês passado por ter sido flagrado na cela com 58 papelotes de drogas, sendo 15 de cocaína e 43 de K4, a maconha sintética, em 26 de julho de 2019, além de documentações da contabilidade da maior facção criminosa do país.
A Secretaria da Administração Penitenciária informou que foi aberto procedimento apuratório preliminar e disciplinar e que após as investigações não foi verificada nenhuma irregularidade por parte de funcionários no episódio.
A defesa de Freitas argumentou que as acusações sobre o vínculo do presidiário com o crime organizado são meras suposições e que não há nos autos documentos ou provas que configurem o envolvimento dele com o PCC.
A sentença foi aplicada no dia 19 de novembro último pelo juiz Deyvison Heberth dos Reis, da 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau. A condenação foi por tráfico de drogas e associação à organização criminosa.
Freitas dividia o xadrez com outros cinco prisioneiros. Por volta das 8h30, um agente penitenciário fazia inspeções ao redor do Pavilhão 5 do presídio. Ao olhar pela grade da janela da cela 513, o funcionário avistou uma tira de plástico dentro do vaso sanitário.
O material foi apreendido e no pacote estavam os 58 papelotes das drogas, cinco adaptadores de cartão de memória, seis feixes de fio de nylon, dois frascos com substância líquida, cinco pedaços de borracha usada na aplicação de soro e documentos codificados.
Consumo próprio
Segundo agentes penitenciários, Freitas assumiu ser dele todo o material encontrado. O preso alegou que as drogas eram para consumo próprio e não para fins de tráfico.
Os papelotes com as drogas, os frascos, os componentes eletrônicos e a documentação da contabilidade do PCC foram encaminhados para o IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Científica de São Paulo.
Os trabalhos de perícia constataram a presença de cocaína nos 15 invólucros, pesando 7,24 gramas.
Na denúncia de três páginas, o promotor de Justiça Ricardo Rodrigues Salvato, do MPE (Ministério Público Estadual) observou que o preso guardava os entorpecentes na cela "para fomentar o tráfico de drogas no interior da unidade prisional".
Promotor e juiz ligam o preso ao PCC
No entendimento do promotor, Freitas integra o Primeiro Comando da Capital e os manuscritos apreendidos com o preso "continham informações codificadas sobre o funcionamento da aludida organização criminosa".
Para o juiz Deyvison Herberth dos Reis, a análise do material apreendido com Freitas mostra que o preso mantém vínculo com o PCC e registra péssimos antecedentes.
O presidiário já havia sido condenado a 64 anos de prisão pela acusação de homicídio e motim em Guarulhos, na Grande São Paulo, crimes ocorridos em 13 de junho de 2001.
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