Preso ordenou remessas de US$ 6,8 milhões para o PCC de dentro da cela
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O MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo acusa o preso Wagner Rodrigo dos Santos, 42, o "Branquinho", de ter movimentado US$ 13,6 milhões para os cofres do PCC (Primeiro Comando da Capital) no período de 17 de outubro de 2018 a 27 de julho de 2019.
Segundo uma planilha em poder do MPE, à qual o UOL teve acesso, a metade das remessas desse dinheiro foi autorizada por Branquinho quando ele já estava preso, sob custódia do Estado. Por esse motivo, ele também é acusado por promotores de Justiça de exercer função de comando no PCC mesmo atrás das grades. Seus advogados negam que ele integre facção ou tenha feito movimentações financeiras na cadeia (veja mais abaixo).
Branquinho foi preso em 12 de fevereiro de 2019. A planilha mostra que no dia seguinte ele ordenou uma remessa de US$ 1,3 milhão para a facção. Em 1º de março de 2019, ele foi transferido para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), presídio considerado de segurança máxima.
Ainda segundo o MPE, Branquinho também é apelidado de Peixeiro e autorizou de sua cela na P-2 de Venceslau 22 remessas de dinheiro para os cofres do PCC, num valor total de US$ 5,5 milhões, entre março e junho de 2019.
Antes disso, ainda em liberdade, entre outubro de 2018 e janeiro de 2019, movimentou US$ 6,8 milhões em nove operações. Os três valores somados totalizam os US$ 13,6 milhões. De acordo com o MPE, o dinheiro é proveniente do tráfico de drogas.
Por causa das acusações feitas pelo MPE, no último dia 26, o preso foi comunicado pela direção do presídio de ter cometido falta grave na unidade. A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) instaurou o Procedimento Interno Disciplinar 153/2020 para apurar o caso.
Advogados e visitas comunicam coordenadas entre presos, aponta MPE
As investigações concluíram que Branquinho, de dentro da P-2 de Presidente Venceslau, continuou a gerir a organização criminosa, comunicando-se com outros presos integrantes do PCC custodiados em outros presídios.
As operações teriam sido feitas, segundo as investigações, por meio de comunicações com visitas, advogados, correspondências e contatos com presos de outras unidades prisionais.
A SAP aplicou punição de 30 dias de isolamento em cela especial para Branquinho e propôs a internação dele em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), sistema de castigo no qual o preso fica trancado em xadrez individual 22 horas por dia e só sai para duas horas de banho de sol.
A planilha estava armazenada em um pendrive apreendido em 14 de setembro deste ano durante a deflagração da Operação Sharks, desencadeada pelo MPE no estado de São Paulo. O material foi encontrado na casa de um dos alvos.
PCC movimentou R$ 1 bilhão em pouco mais de um ano
O MPE denunciou à Justiça 19 pessoas acusadas de integrar o PCC. Todos tiveram a prisão preventiva decretada e são réus. Alguns deles, como Branquinho, já se encontravam presos. Promotores de Justiça disseram que juntos, eles movimentaram R$ 1 bilhão em pouco mais de um ano.
O preso Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, recolhido na P-2 de Presidente Venceslau desde agosto de 2019 é, assim como Branquinho, acusado de exercer função de comando no PCC de dentro da prisão.
A mesma punição imposta a Branquinho foi aplicada pela SAP a Décio Português. Ele é apontado pelo MPE como líder principal do PCC na P-2 de Venceslau, em substituição a Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe máximo da facção, removido em 2019 para presídio federal.
Advogados de Branquinho alegam que ele não tem o apelido de Peixeiro. Afirmam ainda que as acusações são infundadas porque desde 1º de março de 2019 o cliente está em presídio de segurança máxima, onde há bloqueadores de sinal de telefonia, as comunicações são restritas e monitoradas e, portanto, não poderia ter cometido nenhum crime.
Segundo os advogados, não há provas de que Branquinho integre o PCC nem que tenha se comunicado com presos de outras penitenciárias. Para os defensores, ele tem bom comportamento na prisão e é vítima de injustiça.
A defesa de Décio Português também sustenta que ele não é integrante de facção criminosa, não foi denunciado na Operação Sharks e que não há prova de que tenha exercido função de comando no PCC na prisão. Documento da SAP atesta que ele tem bom comportamento no presídio.
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