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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça condena 4 mulheres acusadas de integrar bando do "novo cangaço"

Camila Alves da Silva Miranda, uma das 4 mulheres condenadas pelo crime de associação a organização criminosa - Reprodução/
Camila Alves da Silva Miranda, uma das 4 mulheres condenadas pelo crime de associação a organização criminosa Imagem: Reprodução/

Colunista do UOL

13/04/2021 04h00Atualizada em 13/04/2021 15h29

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Karine Olivo Bittencourt, 31, se formou em direito e Camila Alves da Silva Miranda, 25, também tinha curso superior e era esteticista. Naomi Winnie de Franca, 26, exercia a função de babá, e Kelly Aparecida Monteiro Senhorinho, 23, trabalhava como autônoma.

As quatro jovens foram condenadas no mês passado a nove anos de prisão em regime fechado, na 2ª vara Criminal de Botucatu pelo crime de associação a organização criminosa. Elas cumprem pena na Penitenciária Feminina de Votorantim (SP).

As amigas foram acusadas de integrar o bando do "novo cangaço", um grupo de assaltantes formado por várias células que leva pânico e terror a populações de cidades pequenas, explodindo agências bancárias e sitiando quartéis, delegacias e outros postos policiais.

Segundo a Polícia Civil, as jovens ajudaram a socorrer e a dar fuga para os líderes da quadrilha, os irmãos Carlos Wellington Marques de Jesus e Carlos Willian Marques de Jesus, 36, conhecidos também como os "gêmeos do crime".

Carlos Willian, chamado de "Grandão", havia sido baleado em tiroteio com policiais militares no roubo ao Banco do Brasil de Botucatu, em 29 de julho do ano passado. Carlos Wellington, conhecido como "Irmão do Grandão", também participou da ação, de acordo com policiais. A agência ficou destruída com a explosão. Os ladrões roubaram R$ 2 milhões.

Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão", e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão"  - Montagem com fotos de reprodução - Montagem com fotos de reprodução
Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão", e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão"
Imagem: Montagem com fotos de reprodução

As investigações apontaram que no dia 2 de agosto de 2020, quatro dias após o roubo, Carlos Wellington, já havia sido resgatado pelas mulheres. O grupo retornava para São Paulo, em dois veículos, quando um dos carros apresentou problemas mecânicos logo após a praça de pedágio da SP 280, altura do km 201, em Itatinga.

O automóvel quebrado era um Hyundai HB-20 preto. Policiais militares rodoviários se aproximaram do carro para oferecer ajuda. No veículo estavam o motorista Ademir Venrtura da Silva, 42, a autônoma Kelly, uma criança filha do casal e um homem identificado como Willian Ivan da Silva.

Logo em seguida estacionou atrás do veículo preto um Hyundai Creta branco, com Karine, Camila e Naomi a bordo. As três disseram aos policiais que eram amigas dos ocupantes do outro veículo e que todos tinham ido a Botucatu para passear e andar de bicicleta.

Os PMs consultaram o documento de Ademir e constataram que ele tinha antecedente criminal, mas não era procurado. No momento em que os PMs se preparavam para liberar o Hyundai HB-20, o homem que se apresentou como Willian entrou no Hyundai Creta, que saiu em alta velocidade.

Os policiais desconfiaram e acionaram os colegas da base de Tatuí, alertando para abordar o Creta branco. Antes da interceptação do carro, já perto do pedágio de Boituva, o homem com documento em nome de Willian pulou do carro, entrou em uma plantação de cana de açúcar e sumiu.

As quatro mulheres e Ademir acabaram presos e disseram ser inocentes. Os policiais apuraram que o homem que havia pulado do carro era um dos gêmeos que tinham participado do roubo em Botucatu. E só tiveram a certeza de que era o Carlos Wellington, porque ele não tinha ferimentos no corpo. O baleado era o Carlos Willian.

O telefone celular de Karine foi apreendido e no aparelho havia mensagens para a esteticista Camila sobre o resgate dos gêmeos. Além disso, no carro dela foram encontrados medicamentos e materiais usados em primeiros-socorros, provavelmente usados para curativos em Carlos Willian.

Além das quatro jovens, a juíza Cristina Escher também condenou Ademir. A pena dele é de dez anos e seis meses. Os réus não podem apelar em liberdade.

A advogada Arismary Gaia Ruchinsque Jales disse que as quatro amigas condenadas são primárias, trabalhavam e tinham endereço fixo. A defensora disse ainda que vai recorrer da decisão judicial e também provar a inocência das clientes.

Carlos Willian, o "Grandão", acabou preso em 30 de outubro do ano passado em uma clínica médica no bairro da Bela Vista, centro da capital paulista. Ele estava na mesa de cirurgia para extrair a bala. Carlos Wellington, o "Irmão do Grandão", ficou hospedado em um flat de luxo nos Jardins, mas foi capturado em 26 de fevereiro deste ano.

Os "gêmeos do crime" são acusados também de participar dos roubos às agências bancárias de Bauru, em fevereiro de 2018 e em Ourinhos, em maio de 2020. Carlos Wellington é suspeito ainda de envolvimento em outro roubo em Araraquara, em novembro do ano passado.

Em Ourinhos, o bando do "novo cangaço" roubou R$ 50 milhões do Seret (Serviço Regional de Tesouraria) do Banco do Brasil. Nesses ataques utilizaram fuzis e metralhadora calibre 50, capaz de derrubar até aeronaves.