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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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PMs da Rota já utilizam câmera no uniforme e completam uma semana sem matar

Policial da Rota em operação no centro de São Paulo - Zanone Fraissat -2.jun.20/Folhapress
Policial da Rota em operação no centro de São Paulo Imagem: Zanone Fraissat -2.jun.20/Folhapress

Colunista do UOL

12/06/2021 04h00

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Desde que passaram a usar câmeras na farda, no último dia 4, os policias da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), apontada como a tropa mais letal da Polícia Militar de São Paulo, não se envolveram em casos de supostos confrontos registrados como "morte decorrente de intervenção policial".

A partir de agora, todos os movimentos dos PMs do Batalhão Tobias de Aguiar — sediado no bairro da Luz, região central de São Paulo — desde simples abordagens a ocorrências com disparos de arma de fogo, passam a ser monitorados por imagens.

Os chamados casos de resistência seguida de morte envolvendo policiais civis ou militares na capital e Grande São Paulo são, geralmente, atendidos no local e registrados por equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil.

Procurado pelo UOL, o DHPP informou nesta sexta-feira (11) que o último caso de "morte decorrente de intervenção policial" com a participação de PMs da Rota foi registrado no dia 31 de maio, às 19h20, na rua Attílio Bartalini, no bairro do Ipiranga, zona sul. Na ocasião, a tropa ainda não usava as câmeras.

Clima tenso

Naquele dia, o clima na Polícia Militar era de tensão e comoção por causa do desaparecimento do soldado Leandro Martins Patrocínio, 30. Ele tinha sido visto pela última vez no dia 29 de maio, após entrar sozinho na favela Heliópolis, também na zona sul.

A comunidade de Heliópolis foi cercada por dezenas de homens da Rota e de outros batalhões do CPChoque (Comando de Policiamento de Choque). A tropa permaneceu na favela até o dia 5 deste mês, quando o corpo do PM, lotado no Batalhão Militar Rodoviário, foi encontrado.

Leandro foi torturado, assassinado e teve o corpo enterrado em um terreno da Petrobras situado nas imediações da favela. Três suspeitos de envolvimento no crime tiveram a prisão temporária decretada e um deles acabou preso nesta sexta-feira (11).

Em nota divulgada ao UOL, a Polícia Militar informou que no último dia 31, em patrulhamento fora da comunidade de Heliópolis, equipes da Rota iniciaram perseguição a quatro suspeitos. A nota diz que um deles atirou contra os PMs e houve revide.

De acordo com a Polícia Militar, um dos suspeitos foi baleado e levado ao Pronto-Socorro do Ipiranga por uma equipe da Unidade de Resgate, mas não resistiu aos ferimentos. Os PMs disseram ter apreendido uma arma de fogo e duas mochilas contendo porções de drogas.

Centro de operações da PM acompanha em tempo real imagens capturadas por câmera acoplada em uniforme de policiais   - Rubens Cavallari/Folhapress - Rubens Cavallari/Folhapress
Centro de operações da PM acompanha em tempo real imagens capturadas por câmera acoplada em uniforme de policiais
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

A mesma nota da PM informa ao UOL que desde o último dia 4, os agentes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar passaram a utilizar câmeras acopladas ao uniforme.

A Polícia Militar havia anunciado no mês passado que o novo equipamento permite a gravação automática e sem interrupção do turno de 12 horas dos PMs em patrulhamento. O programa dispensa a necessidade de acionamento manual das câmeras e evita a perda de imagens.

Assim que o aparelho é acoplado à farda do policial militar, o sistema inicia a gravação. A expectativa do governo João Doria (PSDB) é a de que os equipamentos trarão maior transparência às ações da tropa e contribuirão para a redução da letalidade policial.

Além da Rota, policiais militares de outros 14 batalhões também usarão os aparelhos. A meta da Polícia Militar é ter em funcionamento 10 mil câmeras em unidades da Capital e Grande São Paulo. Até 2023, todos os grandes municípios do Estado deverão receber os equipamentos.