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Denarc sequestra R$ 40 milhões em bens de empresa de ônibus ligada ao PCC
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O Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) sequestrou nesta quarta-feira (15), com autorização judicial, R$ 40 milhões em imóveis e veículos da UPBUS e de outros acionistas da empresa de ônibus acusados de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Entre os investigados que tiveram os bens bloqueados estão Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e Sílvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola. O primeiro foi assassinado em dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, e o segundo é uma das maiores lideranças do PCC nas ruas.
Segundo o delegado Fernando Santiago, do Denarc, responsável pelo inquérito, outro investigado é o contador de Cara Preta, João Muniz Leite. Ambos teriam sido ganhadores de um prêmio da Loteria Federal.
João Muniz Leite, o mesmo contador que prestou serviços para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria recebido R$ 16 milhões com o prêmio da loteria, e Cara Preta, R$ 24 milhões. Leite também é acusado de ser o responsável pela abertura de uma empresa em nome de Eduardo Camargo de Oliveira, identidade falsa usada por Cara Preta.
Fernando Santiago informou que todos os veículos da UPBUS, dentre eles aproximadamente 250 ônibus, foram objetos de sequestro, impedindo assim uma eventual alienação desses bens por parte da empresa.
A medida faz parte da segunda etapa da "Operação Ataraxia", desencadeada pelo Denarc. A primeira fase foi deflagrada no último dia 2, contra a UPBUs e seus acionistas, acusados de usar "laranjas" na empresa de ônibus para fazer a lavagem de dinheiro do PCC.
Na ocasião, a UPBUS foi alvo de mandado de busca e apreensão judicial. A companhia é originária da Cooperativa de Ônibus Associação Paulista dos Condutores de Transporte Complementar.
Foi lá que Cebola acabou preso em 2 de junho de 2012 com 480 kg de maconha e R$ 150 mil em espécie. Em setembro de 2020, Cebola e outros 19 réus foram acusados pelo Ministério Público do estado de São Paulo de movimentar R$ 1 bilhão do PCC entre janeiro de 2018 e julho de 2019.
Ele estava com prisão preventiva decretada pela Justiça por conta dessa denúncia. Porém, na semana passada, o juiz Thiago Baldani Gomes De Filippo, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, absolveu Cebola e outros três réus.
Acionistas são do PCC
O Denarc apurou que Cara Preta adquiriu cotas da UPBUS em nome do pai, da irmã e de um primo dele. As investigações apontam ainda que outros integrantes do PCC têm ações milionárias na empresa, cujo capital inicial era de R$ 1 milhão e passou para R$ 20 milhões.
Segundo o Denarc, Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, assassinado no início do ano na guerra interna do PCC, logo após a morte de Cara Preta, havia investido R$ 1.236.000,00 em ações na UPBUS. Familiares de Cebola investiram R$ 247 mil.
Os investigadores descobriram ainda que Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, recolhido em presídio federal e apontado como integrante do alto escalão do PCC, fez investimentos, por meio de familiares, de R$ 618 mil na UPBUS.
Outro sócio identificado como Alexandre Salles Brito, 41, o Xandi ou Buiu, investiu R$ 123 mil e uma parente dele, mais R$ 247 mil. Alexandre também é apontado como integrante do PCC e chegou a ser processado por tráfico de drogas.
A UPBUs opera 13 linhas de ônibus na zona leste de São Paulo e fechou contrato com a Prefeitura de São Paulo, através de licitação pública, no valor de R$ 574 milhões por ano. Os sócios e acionistas acusados de envolvimento com o PCC são investigados por lavagem de dinheiro.
Fontes policiais revelaram à coluna que Cebola é proprietário de 56 ônibus da empresa. De acordo com o Denarc, ele usava os nomes falsos de Rodrigo Martins Santana e Márcio Barbosa Santos.
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