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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Sargento da PM de SP é preso e investigado por elo com 'Escobar brasileiro'

13.jul.2022 - Droga apreendida pela PF na Operação Maritimum, que investigou o envio de cocaína à Europa por transporte marítimo - Divulgação/PF
13.jul.2022 - Droga apreendida pela PF na Operação Maritimum, que investigou o envio de cocaína à Europa por transporte marítimo Imagem: Divulgação/PF

Colunista do UOL

10/08/2022 04h00

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O sargento Fernando Parizotti de Souza Pimentel, 36, do 6º Batalhão Policial Militar (São Bernardo do Campo, SP), é investigado por suposto envolvimento com o ex-major da PM de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho, o "Escobar brasileiro", um dos maiores narcotraficantes do mundo.

Pimentel foi preso em 13 de julho deste ano por policiais federais, durante a Operação Maritimum, deflagrada em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará. Foram expedidos 46 mandados de prisão e 90 de busca e apreensão.

A 2ª Vara Criminal Federal de Natal decretou a prisão preventiva de Pimentel. Ele está recolhido no Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte de São Paulo. O sargento recebeu voz de prisão no batalhão onde atuava.

O advogado Gilberto Quintanilha Pucci, defensor de Pimentel, disse que seu cliente é inocente, jamais teve envolvimento com tráfico de drogas e muito menos com associação à organização criminosa e que provará tudo isso no decorrer do processo.

Pucci afirmou que seu cliente se licenciou da Polícia Militar em 2020 e foi para o Pará ajudar o irmão Tiago em uma transportadora. O advogado acrescentou que o negócio não deu certo e que o sargento retornou para São Paulo em 2021 e retomou as atividades na PM.

De acordo com Pucci, a Polícia Federal acusa Pimentel de ter montado uma base na transportadora para distribuir drogas. O advogado ressalta, entretanto, que a empresa foi criada em 2018 e que seu cliente foi para lá dois anos depois sem nunca se envolver com narcotráfico ou algo ilícito. Já Tiago estaria foragido.

O nome da Operação Maritimum é em alusão ao modo de atuação da organização criminosa, que utilizava o transporte marítimo para exportar cocaína à Europa pelos portos brasileiros, principalmente os de Santos, Salvador e Natal.

A Polícia Federal informou que as apurações começaram em 2021 e que foram bloqueados R$ 169,6 milhões nas contas bancárias dos acusados. Durante a deflagração da operação, os agentes apreenderam oito toneladas de drogas.

Major Carvalho foi preso na Hungria

Segundo a Polícia Federal, as investigações identificaram três dos maiores narcotraficantes em atividade no Brasil. Eles eram os destinatários das drogas. Um deles é o major Carvalho. Ele foi preso na Hungria em 22 de junho deste ano. Os nomes dos outros dois não foram divulgados.

O major Carvalho é chamado na Europa de "Escobar brasileiro", em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Carvalho comandava uma organização criminosa responsável pelo envio de 45 toneladas de cocaína para a Europa, de acordo com a PF.

A droga, avaliada em R$ 2,25 bilhões, foi transportada a partir de 2017 para os portos de Antuérpia (Bélgica), Gioia Tauro e Livorno (Itália), Hamburgo (Alemanha), Barcelona e Algeciras (Espanha), Lisboa (Portugal) e Havre (França).

A Justiça brasileira quer a extradição do major Carvalho. Há informações extraoficiais de que o "Escobar brasileiro" também pode ficar preso na Espanha, onde responde a processo desde agosto de 2018, quando foi acusado de ser o dono de 1.700 kg de cocaína apreendidos em um navio.