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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça solta policial do DHPP suspeito de negociar cocaína com traficantes

Policial é preso suspeito de negociar 10 kg de cocaína com traficantes - Reprodução/Google Maps
Policial é preso suspeito de negociar 10 kg de cocaína com traficantes Imagem: Reprodução/Google Maps

Colunista do UOL

20/02/2023 12h52

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A Justiça mandou soltar o investigador Guilherme Henrique Silva Roque, 34, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Ele foi preso no último dia 10 pela Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, por suspeita de envolvimento na negociação de drogas com traficantes de São Carlos.

Guilherme acabou detido depois que Willian Pereira Lopes, 28, informante (ganso) de policiais civis da zona norte paulistana, foi preso em flagrante ao tentar negociar 10 kg de cocaína com os traficantes Luiz Alberto Guimarães de Sousa, 28, e Pablo Stevan Carvalho de Souza, 24.

Ao ser interrogado, Willian declarou que viajou para São Carlos no dia 6 em companhia do agente policial Gabriel Jorge Thomé, 40, e de outros três policiais civis conhecidos como Thor, Danilo e Roque. Thomé morreu na troca de tiros com os criminosos. Os demais envolvidos fugiram.

José Silva de Oliveira, advogado de Guilherme, disse que seu cliente foi preso injustamente por dois motivos. Primeiro, porque tem o sobrenome de Roque e, por isso, foi confundido pela Corregedoria com outro policial civil.

O segundo motivo que levou Guilherme à prisão foi justamente o fato de o investigador ter negociado um Volkswagen Golf GTI com um policial civil conhecido como Thor, acusado pelo informante Willian de ter viajado com o veículo para São Carlos, onde participou da negociação da droga.

A decisão de mandar libertar Guilherme foi tomada na última quinta-feira (16) pelo juiz André Luiz de Macedo, da 3ª Vara Criminal de São Carlos. O magistrado levou em consideração a documentação juntada pela defesa do investigador nos autos do inquérito que apura o caso.

O advogado Oliveira anexou cópia do contrato de permuta do Golf GTI utilizado pelo policial conhecido como Thor e também vídeos com imagens comprovando que no dia 6 deste mês Guilherme estava num lava-rápido no Ipiranga, zona sul paulistana, e, portanto, não poderia estar em São Carlos.

As imagens comprovam que o investigador se encontrava no lava-rápido, onde havia levado uma viatura do DHPP, no mesmo horário em que o agente policial Gabriel foi morto em São Carlos, município localizado a 231 km de distância da capital paulista.

Abalo emocional

Segundo o advogado Oliveira, o investigador Guilherme não conhecia Gabriel, nunca havia trabalhado com ele e não tem envolvimento com negociação de entorpecentes e tampouco responsabilidade pela fatalidade ocorrida com o agente policial em São Carlos.

O juiz André Luiz de Macedo entendeu que não há também no momento requisitos para decretar a prisão preventiva do investigador, como indícios de tentativa de fuga, e decidiu revogar a prisão temporária de Guilherme, determinando assim a expedição de alvará de soltura em favor dele.

Oliveira disse à coluna que o cliente dele "ficou muito abalado emocionalmente por ter permanecido preso injustamente. A prisão foi motivada por "uma precipitação irresponsável" de um delegado da Corregedoria da Polícia Civil de São Carlos.

Antes de ser preso, Guilherme vinha atuando na 3ª Delegacia de Repressão a Homicídios Múltiplos do DHPP e investigava casos polêmicos e de repercussão, como os assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, e o motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.

Ambos foram mortos a tiros em dezembro de 2021 no bairro do Tatuapé, zona leste paulistana. Segundo investigações da Polícia Civil, Cara Preta era um narcotraficante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e ligado à liderança da facção criminosa.

Noé Alves Schaum, 42, acusado de matar Cara Preta e Sem Sangue, foi assassinado pelo "tribunal do crime" do PCC em janeiro de 2022. Ele teve o corpo esquartejado. A cabeça decepada foi jogada em uma praça também no bairro do Tatuapé.