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Josmar Jozino

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bando iria resgatar 13 ladrões do PCC e do 'cangaço' em SP, diz secretaria

Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão" (à esq.), e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão" - Montagem com fotos de reprodução
Os gêmeos Carlos Wellington Marques de Jesus, o "Irmão do Grandão" (à esq.), e Carlos Willian Marques de Jesus, o "Grandão" Imagem: Montagem com fotos de reprodução

Colunista do UOL

23/06/2023 04h00Atualizada em 27/06/2023 14h21

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Informações colhidas pelo serviço de inteligência da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) apontam que criminosos planejavam resgatar 13 assaltantes ligados ao "Novo Cangaço" e ao PCC (Primeiro Comando da Capital) na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

A SAP enviou ofício ao Deecrim-1 (Departamento Estadual de Execução Criminal da Capital-1), pedindo a transferência dos 13 prisioneiros da P-2 de Venceslau (SP) para presídios federais. O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) vem se manifestando favoravelmente às remoções.

O serviço de inteligência da SAP apurou que no dia 7 de maio deste ano, criminosos se reuniram no bairro do Capão Redondo, zona sul paulistana, para articular o plano de resgate dos comparsas, como informou esta coluna na última quarta-feira (21).

A quadrilha já estaria com fuzis, metralhadoras, pistolas, munição, explosivos e veículos blindados. Os integrantes do bando se deslocariam para a cidade de Santo Anastácio, distante 25 Km de Presidente Venceslau, onde cuidariam da logística para executar a ação.

Os agentes da SAP apuraram também que a quadrilha pretendia atuar em três frentes: Uma delas atacaria o CPI-8 (Comando de Policiamento do Interior-8), em Presidente Prudente, onde se concentra o maior efetivo de policiais militares na região.

A outra investiria contra as forças policiais de Presidente Venceslau. Já a terceira frente, formada por um número maior de criminosos, invadiria a Penitenciária 2 da cidade, usando explosivos e armamento pesado para concretizar o resgate.

No mesmo dia da reunião do bando no Capão Redondo, os prisioneiros ligados ao "Novo Cangaço" pediram à direção da P-2 de Presidente Venceslau para ficaram em um mesmo pavilhão. A solicitação aumentou ainda mais a suspeita de arrebatamento dos presos.

As investigações apontam que os envolvidos na ação de resgate já teriam recebido até o pagamento para colocar o plano em prática. Os presos do "Novo Cangaço" também teriam disponibilizado à quadrilha todos os meios necessários, especialmente em relação às armas e veículos blindados.

Remoção para presídios federais

Márcio Geraldo Alves Ferreira, 34 anos, o Buda, integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) acusado de participar do assalto a banco em Cricíúma (SC) - Reprodução - Reprodução
Márcio Geraldo Alves Ferreira, 34 anos, o Buda
Imagem: Reprodução

Na lista dos resgatáveis que a SAP pede a transferência para presídio federal consta o nome o nome de Márcio Geraldo Alves Ferreira, 41, o Buda. A Polícia Federal diz que ele participou do roubo de R$ 130 milhões do Banco do Brasil de Criciúma (SC) na madrugada de 1º de dezembro de 2020.

Os demais resgatáveis que deverão ser transferidos para penitenciárias federais também têm longas condenações e são acusados de integrar o Novo Cangaço, grupo de ladrões que sitia cidades, explode agências bancárias e comete roubos violentos e milionários.

Veja quem seriam os demais resgatáveis, segundo a SAP:

Marcelo Tadeu Correa, 49, o Gudi, condenado a 62 anos. Roubo de R$ 191 mil em pedras preciosas em Pirassununga (SP) em 6/8/2004.

Luciano Castro de Oliveira, 49, o Zequinha, condenado a 25 anos e 8 meses. Roubo de R$ 100 milhões em eletroeletrônicos em Louveira em 2/5/2015.

Leandro Charias da Silva, 48, o Nego Charias, condenado a 16 anos. Roubo de R$ 234 mil da Caixa Econômica Federal no MS em 15/7/2019.

Francisco Teotônio Pasqualini, 59, o Véio, condenado a 52 anos e 8 meses. Roubo de R$ 117,3 milhões em ouro do Aeroporto de Guarulhos em 25/7/2019.

Elinelson Alexandre Ferreira, 38, o Pinga, condenado a 7 anos. Tentativa de roubo de R$ 90 milhões de bancos em Araçatuba em 30/8/2021.

Davi Marques dos Santos, 46, condenado a 35 anos. Roubo US$ 11,8 milhões da Prosegur no Paraguai em 24/4/17; roubo de R$ 15 milhões da Serv-San em Teresina (PI), em 11/12/2016.

Cláudio Alves Cruz, 34, condenado a 33 anos. Roubo de R$ 4,2 milhões em joias da CEF de Araraquara em 24/11/2020.

Charles Feliciano Batista, 47, condenado a 18 anos e 6 meses. Roubo de US$ 11,8 milhões da Prosegur no Paraguai em 24/4/2017.

Carlos Willian Marques de Jesus, 39, condenado a 66 anos e 8 meses. Roubo de R$ 2 milhões do Banco do Brasil de Botucatu em 30/7/2020.

Carlos Wellington Marques de Jesus, 39, condenado a 97 anos e 9 meses. Roubo de R$ 15 milhões da Serv-San em Teresina (PI) em 11/12/2016.

Arnon Afonso da Silva Vieira, 32, condenado a 20 anos e 5 meses. Roubo de R$ 27,3 milhões de bancos em Passos (MG) em 11/4/2018; roubo de R$ 1,7 milhão em joias da CEF de Passos (MG) em 11/43/2018.

Aleixo Gomes de Jesus, 45, condenado a 55 anos e 4 meses. Roubo de R$ 657 mil em eletrônicos em Campinas em 14/05/2012; roubo de R$ 1,4 milhão em eletrônicos em Campinas em 21/01/2013.

Outro lado

O advogado Renan Bortoletto, defensor de Luciano Castro Oliveira, disse que o cliente foi absolvido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo por unanimidade da acusação de participação no roubo de R$ 100 milhões em eletroeletrônicos em Louveira.

Segundo a defesa, a SAP omitiu essa informação ao representar pela transferência de Luciano para presídio federal, podendo levar a erro o Poder Judiciário, o Ministério Público e a imprensa.

O defensor diz ainda que não há qualquer envolvimento ou qualquer prova concreta acerca de eventual plano de fuga na P-2 de Venceslau envolvendo Luciano, sendo certo que a mudança de pavilhão do preso partiu da própria direção da unidade, pois o local encontrava-se em reforma.

Renan Bortoletto acrescentou que Luciano converteu-se e trata-se agora de um servo de Deus, encontra-se em cumprimento de pena referente a apenas um crime datado de 2001, há mais de 21 anos, inclusive, anterior à própria Lei 11.671/2008 que instituiu o sistema penitenciário federal, mantendo, desde sua prisão em 2020, conduta carcerária ilibada, sem cometimento de faltas disciplinares e sem envolvimento com atividades criminosas, muito menos relativas à facção criminosa.