Josmar Jozino

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Mulher de Marcola diz que marido passa fome na prisão; governo federal nega

Cynthia Gigliolli Herbas Camacho, mulher do preso Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola, apontado como o principal líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), diz que o marido passa fome na Penitenciária Federal de Brasília.

Ela enviou nota à imprensa, por meio do advogado Bruno Ferullo Rita, alegando que Marcola emagreceu 20 kg no presídio por causa da falta de comida que é fornecida ao prisioneiro. Segundo ela, "a alimentação, quando não chega atrasada é escassa e de má qualidade e causa infecção intestinal".

Procurada pela reportagem, a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), do governo federal, rebateu as queixas da mulher de Marcola, afirmando que os presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal, nos ditames na Lei de Execução Penal, têm a assistência material que, dentre outros, prevê o fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.

Segundo nota da Senappen, as Regras Mínimas para Tratamento de Presos preconizam que todo prisioneiro deve receber da administração, em horas determinadas, uma alimentação de boa qualidade, bem preparada, com valor nutritivo adequado à saúde e à robustez física.

A nota diz ainda que o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) publicou a Resolução nº 3/2017 que dispõe sobre a prestação de serviços de alimentação e nutrição às pessoas privadas de liberdade e aos trabalhadores no sistema prisional.

De acordo com a Senappen, o Manual de Assistência do Sistema Penitenciário Federal determina:

Art. 3º. A alimentação ao preso consiste no desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, atendendo a critérios nutricionais especialmente definidos para a manutenção da sua saúde.

§ 1º. Cada refeição deverá ser servida no turno previsto para o seu consumo.

§ 2º. Será fornecida alimentação diferenciada ao preso que apresentar restrições alimentares, conforme prescrições médicas, relacionadas ao quadro clínico do interno, ou por questões religiosas ou culturais.

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§ 3º. Será fornecido ao preso, água potável em quantidade suficiente para o seu sustento.

Por fim, o órgão esclarece que as penitenciárias federais celebram contratos com empresas especializadas na preparação e fornecimento de refeições, elaborados com base em Parecer Nutricional contratado pela Senappen considerando as necessidades calóricas diárias para um homem médio de 2.000 a 2.500 kcal /dia.

Inflamação no estômago

Para a mulher de Marcola, "estão submetendo o marido dela a um método de tortura pelo resto da vida". Na opinião de Cynthia Camacho, é como se o custodiado cumprisse uma "prisão perpétua, enfrentando no cárcere situações desumanas".

No mês passado, Marcola foi levado sob forte aparato policial a ao Hospital regional do Gama, no Distrito Federal, para fazer exames de sangue e endoscopia. Há informações de que ele está com uma inflamação que afeta a mucosa do estômago.

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Condenado a 342 anos de prisão, Marcola cumpre pena em presídio federal desde fevereiro de 2019, quando foi transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Na ocasião, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), de Presidente Prudente, pediu a remoção de Marcola e outros integrantes da cúpula do PCC para presídios federais alegando que havia sido descoberto um plano da facção para resgatá-los.

Os advogados dos presos removidos afirmam até hoje que esse plano é pura ficção, invenção das autoridades, e que até agora nada disso foi realmente comprovado.

Reportagem

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