Câmera na farda de PM morto em Santos ajudou a identificar suspeito
Imagens gravadas pela câmera corporal acoplada na farda do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), Samuel Wesley Cosmo, 34, foram usadas na identificação do suspeito de assassiná-lo. Cosmo foi morto com tiro no rosto durante patrulhamento em Santos, no litoral paulista, no último dia 2.
O uso do equipamento, rejeitado por diversas autoridades e políticos ligados à área de segurança pública, foi fundamental na identificação de Kaique Coutinho do Nascimento, 21, conhecido como Chip, suspeito de ter disparado contra o policial militar.
Em nota enviada à reportagem, a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou que policiais analisaram as imagens por horas e não conseguiram chegar a identificação. Segundo a pasta, a identificação só foi possível após confrontar o depoimento de testemunhas.
Mas policiais contaram à reportagem que investigadores analisaram as imagens e confrontaram o rosto de Kaique com diversas fotos de criminosos armazenadas nos bancos de dados da polícia, incluindo o Fotocrim, uma ferramenta online que tem fotografias e informações de centenas de milhares de criminosos.
A SSP ofereceu R$ 50 mil para quem tiver informações sobre Kaique. O anúncio da recompensa foi feito pelo secretário da pasta, Guilherme Derrite, durante entrevista coletiva concedida na quarta (7) em Santos.
Deputados estaduais da chamada bancada da bala se manifestaram contra o uso das câmeras corporais, alegando que elas desmotivam e inibem os agentes de segurança no exercício das atividades, principalmente em situações de extremo conflito. Derrite chegou a dizer que iria rever o uso do equipamento.
No caso do soldado Cosmo, as imagens da câmera corporal na farda dele foram essenciais para chegar ao nome do suspeito e mostram o militar acompanhado de outros dois PMs da Rota. Eles andam até o final de uma rua estreita entre casas. Em seguida, Cosmo retorna sozinho e entra em uma viela.
Atingido no olho
Ele saca a pistola ponto 40 e encontra um homem no cruzamento entre dois becos. Cosmo é atingido no olho e cai. Nas imagens da câmera aparecem o atirador usando moletom azul, bermuda e chinelos. Segundo Derrite, o autor dos disparos é Kaique.
O secretário informou que ele tem envolvimento com o tráfico de drogas. A suspeita é de que o atirador seja ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Kaique teve a prisão temporária decretada pela Justiça e até a conclusão deste texto continuava foragido.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Kaique. O espaço continua aberto para manifestação dos defensores.
Cosmo foi assassinado por volta das 17h30 do dia 2 na avenida Brigadeiro Faria Lima, no bairro Rádio Clube. Ele chegou a atuar na Operação Escudo e na noite de 27 de julho do ano passado se envolveu em uma ocorrência na Comunidade da Prainha.
O militar e a equipe da Rota faziam patrulhamento e disseram ter trocado tiros com três suspeitos — sendo que um deles foi alvejado e dominado e os outros dois fugiram.
Depois da morte de Cosmo, a SSP tornou a implantar a Operação Escudo na Baixada Santista e reforçou o patrulhamento ostensivo na região com um efetivo de ao menos 500 policiais militares e civis.
De acordo com a SSP, sete policiais - sendo cinco PMs em serviço, um PM inativo e um policial civil - e outras 14 pessoas morreram em confrontos na região este ano.
Reportagem
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