'Príncipe', morto pela Rota em Santos, era sobrinho de líder do PCC
Um dos homens mortos pela Rota ontem, no Morro do Pacheco, em Santos, foi identificado como Allan de Morais Santos, 36, conhecido como Príncipe. Ele era parente de um importante líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) recolhido em presídio federal.
Segundo a Polícia Civil, Príncipe é sobrinho de Fernando Gonçalves dos Santos, o Azul, apontado como integrante da cúpula do PCC. Ele cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO) e é condenado a 28 anos por roubo, receptação, tráfico de drogas e associação à organização criminosa.
PMs da Rota alegaram que faziam patrulhamento no Morro do Pacheco quando foram recebidos a tiros por um suspeito e revidaram ao ataque. Allan foi atingido por tiros de fuzis e levado para a Santa Casa de Santos, onde chegou morto.
Ainda segundo a versão dos policiais militares, no porta-malas do carro de Allan foi apreendido um fuzil. Os PMs também disseram que ele estaria armado com pistolas e, quando acabou a munição de uma, trocou por outra.
Policiais civis apuraram que o sobrinho de Azul era dono de uma extensa ficha criminal e já cumpriu pena no sistema prisional paulista. Príncipe já foi processado pela Justiça de São Paulo pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio, tráfico de drogas, associação criminosa e porte ilegal de arma.
A reportagem não conseguiu contato com os defensores de Allan, mas o espaço continua aberto para manifestação dos defensores dele.
Fontes ligadas ao sistema prisional federal disseram à coluna que até a noite de ontem, o presidiário Azul ainda não tinha sido informado sobre a morte do sobrinho.
Medo de retaliações
Azul estava preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, ao lado de outras lideranças da maior facção criminosa do Brasil, como Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, tido pelo Ministério Público do estado de São Paulo como o chefão da organização.
Em fevereiro de 2019, Azul, Marcola e outros 20 presos da cúpula do PCC foram transferidos para unidades federais. As remoções foram pedidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao crime Organizado) de Presidente Prudente (SP), subordinado ao Ministério Público Estadual.
As transferências foram solicitadas pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya. O Gaeco apurou no final de 2018 que havia um plano em andamento para resgatar toda a liderança do PCC recolhida na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
O plano estaria sob coordenação de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho. Na ocasião, ele estava foragido e acabou preso em abril de 2020 em Maputo, capital de Moçambique, na África. Fuminho foi trazido para o Brasil e também é mantido em presídio federal.
Advogados dos presos transferidos sustentam em várias petições que o plano de resgate nunca existiu e não passa de uma ficção. Os defensores alegam que até hoje o Ministério Público não conseguiu provar nada a respeito sobre tal tentativa de resgate.
Autoridades das forças de segurança temem possíveis ataques do PCC contra agentes públicos na Baixada Santista, em retaliação à morte do sobrinho de Azul. O policiamento na região foi reforçado com um efetivo de ao menos 500 policiais civis e militares, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
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