Facções criminosas do Sudeste levam terror e medo aos estados do Nordeste
A disputa pela hegemonia do tráfico de drogas e jogos de azar entre o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa de São Paulo, a maior do Brasil, e o CV (Comando Vermelho), organização do Rio de Janeiro, leva terror e medo aos estados do Nordeste.
Na Paraíba, a Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao Ministério Público, denunciaram 12 integrantes da cúpula do CV no estado na última sexta-feira (18). Segundo a promotoria de Justiça, o líder do grupo é Jonathan Ricardo de Lima Medeiros, 33, conhecido como Dom.
As investigações do Gaeco mostraram que no início de 2023, o CV passou a cooptar antigos criminosos da Okaida, uma facção criminosa da Paraíba que já foi ligada ao PCC, para consolidar o domínio territorial e monopolizar o tráfico de drogas no estado.
Integrantes do grupo paraibano foram levados às comunidades do Rio de Janeiro para fortalecer os laços com a organização fluminense. A aliança não deu muito certo. O Gaeco apurou que as dissidências da Nova Okaida em direção ao CV "inauguraram um período de intenso conflito armado".
O confronto teve início no município de Bayeux, depois se estendeu para a cidade de Cabedelo e, posteriormente, para todo o estado da Paraíba. Em julho de 2023, o CV comandou um ataque incendiário a um ônibus em João Pessoa e atribuiu o atentado à Nova Okaida.
Em 19 de junho deste ano, o Gaeco e a Secretaria da Administração Penitenciária da Paraíba e a Polícia Civil do Rio Janeiro cumpriram 38 mandados de prisão preventiva e 50 de busca e apreensão no estado. Foram apreendidos 100 kg de drogas, armas, munição e diversos telefones celulares.
Já em 24 de julho de 2024, a PF prendeu, em Campina Grande, Josenias Pereira da Silva, 33, o Boy, integrante do alto escalão do PCC. O criminoso trocou a favela de Paraisópolis, em São Paulo, para impor, com comparsas, o terror e intensificar a dominação da facção paulista em território paraibano.
Boy expulsou vários moradores de suas casas e é suspeito também de ter matado alguns desafetos no município de Aguiar e nas cidades vizinhas. Além dele, os agentes da Polícia Federal também prenderam Gabriel Mendes de Souza.
Família Camacho no Ceará
No Ceará, a Polícia Federal desmantelou uma quadrilha ligada a Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC. Ambos estão presos na Penitenciária Federal de Brasília.
Agentes federais apuraram que Francisca Alves da Silva, a Preta, mulher de Marcolinha, e o filho dele Leonardo Herbas Camacho, comandavam os jogos de azar e o tráfico de drogas no território cearense. Ambos e outros acusados foram presos preventivamente.
As investigações começaram depois que o CV passou a fixar cartazes em lugares públicos ordenando o fechamento de todas as bancas do PCC que faziam jogos do bicho ou apostas. A PF investigou as lotéricas mencionadas nos avisos e chegou à família e aos comparsas de Marcolinha.
Banho de sangue no Piauí
No Piauí, cinco mortes registradas em menos de duas semanas nas pacatas cidades de Avelino Lopes e São Raimundo Nonato, no extremo sul do estado, foram relacionadas a uma guerra local de grupos do PCC, como divulgou o colunista do UOL, Carlos Madeiro, em 20 de fevereiro deste ano.
O conflito envolvia dois grupos da facção que eram próximos, mas acabaram rompendo: os "marotos" e os "brancos", que entraram em guerra e disputaram a região entre o oeste da Bahia e o sul piauiense. O resultado do confronto foi um banho de sangue.
Os irmãos Fleques Pereira Lacerda, o Pequeno, e Delvane Pereira Lacerda, o Pantera, ladrões de bancos de São Paulo e integrantes do bando "novo cangaço", foram os precursores do PCC no Piauí e comandaram o tráfico de drogas no estado.
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Quero receberFleques foi assassinado a tiros em uma barbearia em Osasco (SP), em dezembro do ano passado. A morte dele gerou uma guerra sangrenta na região metropolitana de São Paulo e também na cidade piauiense de Avelino Lopes.
Alagoas e Maranhão
Em Alagoas, a polícia prendeu, no último dia 17, uma mulher de 37 anos, apontada como líder de uma célula do PCC. Investigadores disseram que ela atuava em todo o estado e foi capturada em Piaçabuçu, no litoral sul alagoano.
A suspeita tem extensa ficha criminal e foi acusada de ter ordenado ao menos dois assassinatos no estado em 2020. As vítimas, duas adolescentes, foram mortas porque eram integrantes do Comando Vermelho. A mulher já havia sido presa em 2019 em Cotia (SP), onde liderava o tráfico de drogas do PCC.
O Gaeco de Alagoas informou que a integrante do PCC é reincidente no estado e foi denunciada em 2020 pelos crimes de tráfico de drogas e associação à organização criminosa. No dia em que foi presa, a suspeita portava um telefone celular. O aparelho foi apreendido para ser periciado.
O PCC também inspirou a criação de grupos criminosos em terras maranhenses. O PCM (Primeiro Comando do Maranhão) nasceu em 2007. Integrantes das duas facções já cumpriram penas em presídios federais. São assaltantes de bancos e traficantes de drogas.
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