Policial preso e delatado por Gritzbach tentou parceria com o Corinthians
O policial civil Cyllas Elia, preso ontem (26) pela Polícia Federal durante a Operação Tai-Pan, queria uma parceria com o Corinthians.
A informação foi divulgada em primeira mão pelo Estadão e confirmada pelo UOL. Elia é presidente e fundador da 2Go Bank, uma fintech investigada pela PF por suposta lavagem de dinheiro para o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Elia procurou o Corinthians em fevereiro deste ano e propôs ao clube uma plataforma para centralizar operações financeiras, gestão de ingressos, o programa Fiel Torcedor e também a venda de alimentos e bebidas.
A proposta previa um modelo de compartilhamento de receita líquida, na qual o Corinthians e o 2Go Bank dividiriam igualmente os lucros gerados após a dedução dos custos operacionais. O projeto de 321 páginas foi assinado por Cyllas Elia e não foi para frente após recusa do clube paulista.
Elia foi delatado por Vinícius Gritzbach
Preso por policiais federais na manhã de ontem, Cyllas Elia foi delatado à Corregedoria da Polícia Civil pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC e de policiais civis assassinado a tiros no último dia 8 no aeroporto internacional de Guarulhos.
Gritbzach prestou depoimento oito dias antes de ser morto. Os agentes delatados são do Deic e do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Segundo o empresário, Cyllas Elia era sócio de um banco digital com Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante que tinha grande influência no PCC, e com Rafael Maeda Pires, 31, o Japa, parceiro deste último.
Cara Preta foi assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Gritzbach foi processado como o mandante das mortes porque teria desviado ao menos R$ 200 milhões do narcotraficante.
Japa foi encontrado morto com tiro na cabeça em 5 de maio de 2023, no subsolo de um prédio no Tatuapé. Ele estava dentro de seu veículo, um Toyota. A polícia investiga se ele se matou ou se foi induzido pelo PCC a cometer suicídio, porque não evitou a morte do parceiro e sócio.
A delação contra Elia
No depoimento, Gritzbach afirmou que o banco digital se chamava IV Bank e hoje tem a denominação de 2Go Bank. O policial civil era lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos, do Deic.
Na Operação de ontem, a PF informou que os investigados teriam movimentado R$ 6 bilhões nos últimos 5 anos; sendo R$ 800 milhões apenas em 2024. Cerca de 200 policiais federais saíram às ruas para cumprir 16 mandados de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão.
Além de Cyllas Elia, os agentes federais também prenderam o capitão da PM Diogo Costa Cangerana. O oficial já atuou na Casa Militar e comandava uma Companhia do 13º Batalhão, no Brás, região central de São Paulo.
A investigação teve início em 2022 e revelou um complexo sistema bancário paralelo e ilegal, movimentando bilhões dentro do país e nos Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia, Dubai e especialmente Hong Kong e China, para onde se destinava a maior parte dos recursos de origem ilícita.
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Quero receberInvestigações apontam que os suspeitos, bem como pessoas físicas e jurídicas que com eles transacionaram, movimentaram o valor de R$ 120 bilhões nos últimos anos.
O esquema contaria com participação de dezenas de pessoas, envolvendo estrangeiros e brasileiros nas mais variadas funções e atividades, entre eles policiais militares e civis, gerentes de bancos e contadores.
Além das prisões e das buscas, a Justiça Federal determinou o bloqueio de bens e valores em cifra superior R$ 10 bilhões de reais, em mais de 200 pessoas jurídicas.
Outro lado
A reportagem não conseguiu contato com os advogados do policial civil Cyllas Elia, do capitão Diogo Costa Cangerana nem com as assessorias de imprensa do 2Go Bank e do Corinthians. O espaço continua aberto para manifestação. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento de todas as partes.
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