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Sob Bolsonaro, PF teve redução de 90% de prisões em ações contra corrupção
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Dados da PF (Polícia Federal) mostram que ocorreu uma redução de 90% nas prisões em operações de combate à corrupção do primeiro para o último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações foram dadas para a organização não governamental Transparência Internacional - Brasil e obtidas pela coluna com exclusividade.
Em 2019, foram realizadas 421 prisões em operações de combate à corrupção. Já no último ano de Bolsonaro, em 2022, foram feitas apenas 42. A redução ocorreu ano a ano. Em 2020, foram 340 e, no ano de 2021, 144.
Ao todo, foram realizadas 947 prisões em operações de combate à corrupção a partir de 2019, sendo 366 preventivas e 581 temporárias.
A coluna procurou a PF para falar sobre os números, mas não obteve resposta.
A Transparência Internacional - Brasil afirmou à coluna que já vem alertando, em seu Relatório Retrospectivas, nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022, sobre os retrocessos no combate à corrupção nos últimos anos.
"Ao longo de quatro anos, o ex-presidente Bolsonaro interferiu sistematicamente em órgãos de investigação e persecução criminal. Só na PF foram quatro trocas de direção, além de inúmeros delegados em posição de chefia substituídos. Isso pode ter sido feito para garantir a sua proteção e da sua família contra investigações ou para perseguir adversários políticos. Independente da motivação, que já é grave por conta própria, o que esses dados mostram é que houve uma queda no combate à corrupção, contrariando de forma indiscutível toda sua narrativa de campanha e governo.", afirma Guilherme France, gerente de pesquisa da Transparência Internacional - Brasil.
Menos operações e inquéritos em aberto
Segundo os dados da PF, foram realizadas 756 operações de combate à corrupção entre 2019 e 2022. A menor quantidade de operações também aconteceu no último ano do governo Bolsonaro: 142.
Em 2019, esse número foi de 172 e chegou a 249, em 2020, primeiro ano da pandemia. No entanto, caiu para 182 no ano seguinte, em 2021.
Em 2022, 13 estados e o Distrito Federal tiveram apenas entre uma e três operações anticorrupção.
Outro ponto importante com relação às operações é o fato de que a gestão da Polícia Federal, durante o governo Bolsonaro, deixou 5.423 inquéritos policiais.
"Se diminuem as investigações de corrupção, aumenta a sensação de impunidade. Isso encoraja empresas e agentes públicos a fraudarem licitações, a desviarem recursos e a se apropriarem de bens públicos. O principal prejudicado são pessoas pobres, que ficam sem os serviços públicos básicos de qualidade dos quais dependem", aponta France.
Ele também recorda que o período dos dados abrange a pandemia de covid-19. "Quantidades imensas de recursos federais foram distribuídas e gastas em contratações sem licitação, que têm, naturalmente, maiores riscos de corrupção. Além disso, explodiram os valores distribuídos e gastos por meio do Orçamento Secreto em municípios por todo o país, o que também apresenta altos riscos de desvios. É surpreendente que, mesmo nesse cenário, se reduziram as operações de combate à corrupção no âmbito federal", observa o pesquisador.
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