Biden faz gol em Trump ao visitar família de negro baleado por policial
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O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, marca um gol importante contra o presidente Donald Trump ao se encontrar nesta quinta-feira com familiares de Jacob Blake, um homem negro que levou sete tiros nas costas à queima-roupa disparados por um policial branco em Kenosha, Wisconsin, no dia 23 de agosto.
A brutalidade contra Blake desencadeou nova onda de protestos em cidades americanas, especialmente em Kenosha. Na madrugada de 26 de agosto, um jovem de 17 anos, portando um fuzil semiautomático, matou dois homens e feriu um terceiro. A polícia acusou o menor Kyle Rittenhouse de homicídio e agressão. A defesa dele afirma que foi legítima defesa.
Segundo Rittenhouse, ele e outros homens estavam armados para fazer a segurança de estabelecimentos comerciais, evitando que fossem depredados. Ele participou de um grupo de milicianos que chegou a ser saudado pela polícia.
Ao se encontrar com a família de Blake, Biden sinaliza compromisso com as reivindicações do eleitorado negro por medidas contra a violência policial e o racismo estrutural. Em Kenosha, o democrata disse que Trump "legitima" o ódio e o racismo com seus discursos divisionistas.
Trump esteve em Kenosha na última terça-feira e não se reuniu com familiares de Blake porque o presidente recusou a presença de um advogado no encontro. Biden não se opôs à participação do advogado. O democrata conversou com o próprio Jacob Blake por telefone durante quinze minutos. Segundo relato do ex-vice-presidente, Blake saiu da UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A grande maioria do eleitorado negro já vota com Biden. Segundo pesquisa da Universidade de Quinnipiac, 83% dos eleitores negros preferem o democrata. Apenas 11% pretendem votar em Trump.
Voto do eleitor negro
A campanha de Biden também levou ao ar na internet e em TVs uma propaganda eleitoral só para o estado de Wisconsin.
"Neste país, afro-americanos acordam sabendo que eles podem perder a vida justamente por estarem vivendo a vida", diz Biden na propaganda. A candidata a vice-presidente, a senadora Kamala Harris, também participou da peça eleitoral: "Um ponto importante da liberdade é estar livre da brutalidade da injustiça, do racismo e de todas as suas manifestações."
O encontro com a família de Blake é um gesto para solidificar o apoio do eleitor negro e incentivá-lo a votar. Como o voto não é obrigatório nos EUA, é preciso incentivar sua base a votar.
A pesquisa também mostra que 75% de todos os eleitores consideram que o racismo é um problema grande dos Estados Unidos. Apenas 23% dizem que não se trata de uma questão importante.
Trump fugiu de pergunta sobre racismo
Na terça, na visita a Kenosha, Trump foi indagado se julgava haver racismo sistêmico nos EUA. Ele não respondeu, preferindo condenar a violência em protestos. Biden tem clara opinião sobre a existência de um racismo estrutural no país e a necessidade de combatê-lo.
Nesse contexto, a visita de Biden a Kenosha e o encontro com familiares de Blake tendem a ter efeito político positivo para o democrata. Ele já pregou punição ao policial que atirou em Blake pelas costas. Já Trump preferiu defender o adolescente que matou dois homens e feriu um terceiro.
A pesquisa Quinnipiac, realizada entre os dias 28 e 31 de agosto, mostrou que Biden continua liderando com folga no voto nacional. Ele tem 52% contra 42% de Trump.
No entanto, como a eleição é indireta nos EUA, o mais importante é vencer nos Estados decisivos para formar maioria no Colégio Eleitoral. Nesses estados, conhecidos como oscilantes ou pendulares, a vantagem de Biden é bem menor.
A batalha do meio-oeste
De acordo com o site "Real Clear Politics', que trabalha com a média das pesquisas, Biden tem 48,3% contra 45,1% de Trump nos estados decisivos, uma vantagem de apenas 3,2 pontos percentuais.
Kenosha fica em Wisconsin, um dos 13 estados considerados decisivos em 2020 para formar maioria no Colégio Eleitoral. A visita de Biden à cidade ganha mais importância também por isso. Faz parte da batalha com Trump por votos no meio-oeste americano.
A diferença no voto nacional entre Biden e Trump também é menor na média das pesquisas do "Real Clear Politics" na comparação com o levantamento da Universidade Quinnipiac. O democrata marca 49,6% contra 42,4% do republicano, dianteira de 7,2 pontos percentuais.
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