Militares resistem a serem incluídos no pacote de corte de gastos de Lula
Os militares estão muito resistentes a serem incluídos no pacote de corte de gastos que está sendo negociado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad deve se reunir em breve com o ministro da Defesa, José Múcio, para discutir o tema.
A expectativa em Brasília é que uma reforma da Previdência dos militares também faça parte do ajuste.
"Essa é uma questão delicadíssima para nós e há muita confusão sobre esse tema", disse uma fonte da alta cúpula militar à coluna.
Segundo essa fonte, os militares tem um sistema de trabalho diferente de outras categorias, por causa da dedicação exclusiva e integral ao trabalho.
"Vamos discutir horas extras? Periculosidade? Adicional noturno?", questiona.
Outro argumento utilizado pelos militares é que o governo não aporta mensalmente para o sistema, ao contrário da Previdência do setor público em geral.
No entanto, relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) aponta que o regime de aposentadoria dos militares é o segundo mais deficitário entre os administrados pela União, com suas receitas cobrindo apenas 15% das despesas.
Lula vinha resistindo a mexer na Previdência dos militares e até mesmo a incluir a Defesa nos bloqueios orçamentários, para não piorar o clima depois dos ataques do 8 de Janeiro de 2023.
No entanto, as cobranças do PT e de outros partidos de esquerda são cada vez mais intensas.
O presidente vem sendo pressionado a desindexar as despesas com saúde e educação, que hoje são reajustadas conforme a arrecadação. Mas, na avaliação de uma parte do seu próprio partido, isso sacrificaria os mais pobres.
Em 2019, quando aprovou a reforma da Previdência, o ex-presidente Jair Bolsonaro poupou os militares. As Forças Armadas mantiveram salário integral, sem idade mínima obrigatória, e uma contribuição de 10,5%, comparado com 7,5% a 11,68% da iniciativa privada.
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