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Rogério Gentile

Eduardo desmente aliado sobre envio de dossiê contra antifascistas aos EUA

                                  Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)                              -                                 LULA MARQUES/;FOTOS PúBLICAS
Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) Imagem: LULA MARQUES/;FOTOS PúBLICAS

Colunista do UOL

02/12/2020 10h06

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse à Justiça que não entregou à Embaixada dos Estados Unidos (EUA) um dossiê contra as pessoas que se declaram antifascistas.

"Eduardo Nantes Bolsonaro jamais entregou qualquer dossiê a qualquer órgão de representação internacional", disse uma petição apresentada pela advogada Karina Kufa.

A declaração desmente afirmação feita à Justiça pelo deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP), um dos principais aliados da família Bolsonaro em São Paulo. "O protocolo junto à Embaixada dos Estados Unidos foi feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro", afirmou Garcia, em petição enviada no dia 5 de agosto à 45ª Vara Cível da Capital.

Em vídeo publicado no dia 10 de agosto em suas redes sociais, Garcia voltou a dizer que Eduardo entregou o documento à embaixada. "No caso da embaixada dos EUA, para que eles tenham ciência do tipo de gente que tenta entrar lá", declarou.

Em seguida, Eduardo Bolsonaro, comentando o post de Garcia, afirmou: "querem criar intriga entre nós". "Meu total apoio aos deputados estaduais Douglas Garcia e Carteiro Reaça (Gil Diniz)".

A coluna procurou o deputado estadual para comentar o desmentido feito por Eduardo Bolsonaro, mas não obteve resposta. A Embaixada dos Estados Unidos afirmou não ter registro de recebimento de documento listando nomes de supostos antifascistas.

O dossiê tem o nome de cerca de 1.000 pessoas, com fotos, endereços e telefones. Há na listagem dois jornalistas, seis radialistas e pelo menos 70 professores.

Eduardo Bolsonaro não respondeu aos questionamentos feitos pela coluna.

Deputado estadual foi condenado a indenizar cidadã exposta

Garcia disse que as pessoas listadas no dossiê são "terroristas". No documento, entre as 'provas' de ligação das pessoas citadas com terrorismo estão uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em 2018, um livro (a biografia do guerrilheiro comunista Carlos Marighella, escrita pelo jornalista Mário Magalhães) e camisetas com a imagem do ex-presidente Lula e a suástica nazista, com um x vermelho demonstrando rejeição.

O deputado negou à Justiça que tivesse participado da elaboração e da divulgação do documento, mas admitiu que o encaminhou para autoridades. Em suas redes sociais, no entanto, escreveu ter recebido "pelo menos 1.000 perfis com dados e fotos dos criminosos (antifas)".

O juiz Guilherme Ferreira da Cruz, da 45ª Vara Cível Central da Capital, que o condenou a indenizar uma mulher citada no dossiê, afirmou que o parlamentar não apresentou prova alguma de que as pessoas relacionadas no dossiê são violentas, criminosas ou terroristas.

Garcia recorreu da decisão. O processo ainda não foi julgado em segunda instância.