Rogério Gentile

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Guerra do sorvete: Justiça proíbe concorrente de se parecer com a Kibon

A Justiça paulista proibiu a empresa Quick Sorvetes de utilizar freezers e embalagens semelhantes aos da Kibon.

A decisão foi tomada em caráter liminar em um processo movido pela Unilever Brasil, fabricante da Kibon, que acusou a Quick de copiar diversos elementos de seu padrão visual a fim de confundir o consumidor e "pegar carona em sua reputação e prestígio junto ao mercado".

A Unilever anexou no processo imagens de diversos sorvetes, como o Brigadeiro, o Corneto e o Eskibon, comparando-os com produtos similares vendidos pelo concorrente. Também mostrou fotografias dos freezers vermelhos, das duas empresas.

Sorvetes da Kibon (acima) e da Quick (abaixo)
Sorvetes da Kibon (acima) e da Quick (abaixo) Imagem: Reprodução

"Trata-se de concorrência desleal", disse a Unilever à Justiça, na ação em que cobra indenizações por danos morais e materiais.

O mérito do processo ainda não foi julgado. O Tribunal de Justiça concedeu a liminar, pois considerou que as semelhanças podem induzir o consumidor a erro.

"As cores do freezer, as embalagens, e a similitude dos logotipos formam um conjunto de imagem que gera confusão, especialmente ao consumidor menos atento", declarou na decisão o desembargador Sérgio Shimura.

Fundada em 1991 por Nadir Antonio Koehler, a Quick disse à Justiça que não imitou a Kibon e que tampouco cometeu qualquer ato ilícito.

"Como é possível que, em se tratando de players que convivem no mercado há mais de 30 anos, não haja uma prova, um episódio sequer de confusão ou associação indevida entre seus produtos?", questionou na defesa.

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A Quick, cuja sede fica no Piauí, afirmou que o modelo de congelador que utiliza é anterior ao adotado pela própria Kibon e que a única semelhança é a cor vermelha, "uma tendência no segmento alimentício". A empresa cita no processo outras marcas de sorvete que também utilizam essa cor em seus logotipos e freezers.

A defesa da empresa declarou também que o logotipo da Kibon remete a um coração, enquanto a da Quick seria uma representação estilizada de um redemoinho. "Não se percebe qualquer similaridade."

Disse ainda que diversas embalagens de sorvetes questionadas pela Unilever são desatualizadas. "Algumas delas não são usadas há anos", afirma. Para a Quick, a Unilever [Kibon] age de má-fé, "em uma tentativa de induzir a Justiça a erro".

Segundo a empresa, grande parte das características apontadas pela Unilever como prova de imitação são, na verdade, atributos meramente funcionais presentes nas embalagens de diversas marcas de sorvete.

"A Quick possui público cativo de consumidores que já a acompanham de longa data, motivo pelo qual não faria qualquer sentido uma tentativa de 'pegar carona' no sucesso de outra companhia", afirmou.

Ao conceder a liminar à Unilever, a Justiça disse que a Quick terá tempo ao longo do processo para tentar comprovar que sua linguagem visual é anterior à da Kibon.

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