Valdemiro processa Jovem Pan no caso da fake news do feijão que cura covid
O apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, entrou na Justiça contra a Jovem Pan exigindo o pagamento de uma indenização de R$ 50 mil.
Valdemiro, que se define no processo "como uma pessoa que trabalhou na roça, passou fome e dedicou sua vida a ajudar o povo", disse ter sido ofendido no programa "Morning Show" com a divulgação de "fake news para tentar manchar a sua imagem".
De acordo com o processo, em fevereiro deste ano, comentaristas da emissora disseram que ele não tinha a "mínima credibilidade", afirmando que vendia feijão milagroso para a cura de covid.
"Ele está sempre envolvido nesses escândalos, né? Essa é a grande verdade", afirmou o jornalista Felipe Campos no programa.
Na sequência, a convidada Eliane Bast completou: "O caso pra mim mais absurdo foi exatamente esse que você citou, vender feijão milagroso para as pessoas em meio a uma pandemia, todo mundo desesperado, no meio da covid, as pessoas perdendo familiares, as pessoas morrendo, isso aí é abusar muito da inocência das pessoas, do comércio da fé".
Valdemiro disse no processo "que jamais vendeu feijão e que jamais prometeu que qualquer feijão seria a cura para o coronavírus". Citou também que nunca foi indiciado ou denunciado sobre os fatos citados pelos comentaristas.
As declarações dos jornalistas foram feitas após a divulgação de um vídeo na internet no qual o apóstolo aparecia supostamente anunciando sementes de feijão que tinham a capacidade de curar vítimas da covid-19.
Um inquérito policial, no entanto, concluiu que o vídeo havia sido adulterado. Ao arquivar o caso em janeiro de 2022, o Ministério Público ressaltou não ter conhecimento de qualquer pessoa que, induzida a erro, tenha efetuado a compra da semente de feijão.
"A emissora deu interpretação maliciosa e ambígua à notícia da qual seus comentaristas e convidados 'ouviram dizer', já que não há fundamento para tais alegações. Espalharam fake news", afirmaram à Justiça os advogados Daniela Munhoz e Dennis Munhoz, que representam o apóstolo.
Na defesa apresentada no processo, a Jovem Pan disse que os comentaristas citados são jornalistas respeitados e que apenas exerceram o direito de crítica. Afirmou que o assunto havia sido amplamente divulgado pela mídia e que houve, inclusive, uma investigação oficial.
Os jornalistas, afirmou a emissora, não fizeram qualquer acusação grave nem induziram o público a acreditar que Valdemiro tenha praticado qualquer crime.
A Jovem Pan disse ainda não possuir ingerência sobre os comentários proferidos pelos seus jornalistas e que as declarações foram feitas em uma transmissão ao vivo.
Ressaltou que, ao final dos seus programas, sempre exibe um comunicado com os seguintes dizeres: "A opinião dos nossos comentaristas não reflete, necessariamente, a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação".
O processo deve ser julgado nas próximas semanas.
Além da indenização, Valdemiro pede direito de resposta.
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