Datena vai ter de pagar R$ 68 mil por chamar policial de 'desqualificado'

O apresentador José Luiz Datena e a Rede Bandeirantes vão ter de pagar uma indenização de R$ 68,5 mil ao policial militar Ronaldo Manoel do Nascimento, que foi chamado de "desqualificado" durante o programa Brasil Urgente.
O episódio ocorreu em junho de 2015, ou seja, há quase dez anos.
Na ocasião, o PM participava do cerco a três homens suspeitos de terem cometido um roubo na região central de São Paulo. Um deles, que estaria armado, havia sido visto no Mercado Municipal, fingindo ser cliente.
Como havia o risco de tiroteio, o comandante da ação ordenou o isolamento da área. Um cinegrafista da emissora, que transmitia ao vivo, porém, insistiu em permanecer no local, mas acabou sendo afastado pelo policial militar.
Indignado, Datena passou a atacar Ronaldo. Disse que ele era uma "pessoa desqualificada".
O apresentador chamou o PM de "desequilibrado", afirmou que a sua atuação era "uma pouca-vergonha", e que não tinha condições de estar na rua.
"É perigoso o cara dar um tiro na cara dele [do cinegrafista] ", disse à época Datena, que atualmente trabalha no SBT e, no ano passado, disputou e perdeu a eleição para prefeito de São Paulo.
O policial disse na ação ter sido "humilhado e execrado" pelo apresentador.
Datena e a Band se defenderam no processo declarando que o programa Brasil Urgente é "nacionalmente conhecido pela autenticidade e exatidão de suas reportagens".
"O trabalho da imprensa, ainda mais o programa em questão, é justamente o de auxiliar a ordem pública a restabelecer a paz social em casos como esse", afirmaram à Justiça.
Segundo eles, era o policial que estava atrapalhando o trabalho da imprensa, e não o contrário.
Eles disseram na defesa apresentada à Justiça que o PM foi "ríspido" e que o apresentador apenas lhe fez críticas "que qualquer pessoa com discernimento mediano faria", diante de uma "abordagem policial abusiva e sem ética".
Segundo a defesa, o policial, que portava uma arma, coagiu a equipe com palavras e gestos corporais e ainda chamou o cinegrafista de "idiota".
A Justiça deu razão ao policial e condenou a emissora ao pagamento da indenização.
"É patente o caráter sensacionalista do programa e, também, de seu ilustre apresentador, que buscam índices de audiências a qualquer custo. A equipe que fazia a reportagem no local estava sob risco da própria integridade física pela possibilidade de troca de tiros", afirmou a juíza Cláudia Maria Pereira Ravacci, em sentença de 2017.
Após diversos recursos, o processo transitou em julgado no final do ano passado, com a condenação definitiva de Datena e da emissora.
No dia 28 de janeiro, o juiz Otavio Tokuda homologou um acordo de pagamento por meio do qual a indenização foi dividida em cinco parcelas.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.