Com Lula irritado, Alckmin declara 'injusta' nova alta da taxa de juros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende se pronunciar nas próximas horas contra o aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,25% decidido pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central.
Irritado com a decisão mesmo depois de ter confirmado Gabriel Galípolo como seu indicado para presidir o BC, Lula só não colocou a boca no mundo porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu calma.
Haddad defende a análise da ata da reunião do Copom - com os motivos para a decisão - para uma tomada de posição do governo.
Mas o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que acumula o comando do Ministério da Indústria e Comércio, resolveu não esperar pela ata do Copom.
Alckmin declarou nesta quinta-feira à coluna que considera errada a decisão de ontem do BC elevando a 10,75% ao ano a taxa Selic.
"Ter a segunda maior taxa de juros do mundo, não é um indicador justo para o Brasil", disse o vice-presidente.
Na verdade, Geraldo Alckmin está sendo bem mais moderado do que seu chefe e mandatário do Palácio do Planalto. Lula acha que o governo tem feito "tudo o que é possível" para manter a economia sob controle.
Mais: segundo o presidente, a alta dos juros no Brasil se torna "mais injustificável ainda" após a queda de 0,5% na taxa básica dos Estados Unidos.
A derrubada dos juros nos EUA foi decidida nesta quarta-feira, 18, pelo Banco Central norte-americano (Fed na sigla em inglês).
Como chefe do Ministério responsável pela gestão da política industrial do Brasil, Alckmin já vinha demonstrando à coluna sua insatisfação com as taxas de juros.
No último dia 10, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou que houve deflação em agosto, Alckmin já havia declarado que não se justificaria uma elevação dos juros pelo Copom:
"Cai com a inflação a razão para subir juros", disse ele à coluna" naquele dia. Mas isso não foi suficiente para segurar o Banco Central.
No Palácio do Planalto, especula-se que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que está de saída, tenha tornado seu sucessor prisioneiro de um acordo de decisões unânimes pelo Copom.
Daí porque Haddad queira esperar a ata da reunião antes de fazer qualquer declaração. Ele deseja confirmar ou não essa hipótese. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, acompanha o colega da Fazenda nessa estratégia.
"Precisamos ver a ata do Copom", disse Tebet à coluna.
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Quero receberMas o presidente Lula não está com tanta paciência. Ele tem dito a assessores que não pretende deixar o governo "refém do Campos Neto" na condução da economia.
A pergunta é: quanto tempo Lula vai aguentar?
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