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Com 34 acusações, Trump quer abafar crimes com discurso político
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Karen McDougal está com 52 anos de idade. No passado, quando fez sexo com Donald Trump, Karen exibia, no currículo de modelo e atriz, os títulos de playmate da revista Playboy, anos 1997 e 1998.
Ontem, na Corte Criminal de Manhattan, o ex-presidente Donald Trump foi informado da decisão do Grande Júri e da autorização de poder ser processado criminalmente por 34 crimes.
Um dos crimes envolve a ex-coelhinha Karen, à semelhança de fato acontecido com a atriz pornô Stormy Daniels. Ou seja, Trump, próximo das eleições presidenciais de 2016, comprou o silêncio das duas atrizes.
O tabloide National Enquirer estava interessado em contar os envolvimentos amorosos de Trump com Karen e Stormy —para publicar em edição próxima às eleições. E aproveitariam para registrar, numa sociedade moralista como a norte-americana, tratar-se de adultérios por parte do casado Trump.
As questões criminais a envolver as atrizes, diversamente das políticas nos dois casos, decorrem das fraudes de Trump nos lançamentos fiscais e eleitorais realizados.
Pelos silêncios comprados, segundo o processo analisado pelo Grande Júri de Manhattan, o ex-presidente pagou US$ 150 mil a Karen e US$ 130 mil a Stormy —por meio de outras pessoas (no caso Stormy, foi advogado Michael Cohen que negociou). Os pagamentos foram lançados como despesas legais, de campanha eleitoral.
Por evidente, a vida privada do ex-presidente não interessa juridicamente. Os crimes decorreram de lançamentos financeiros considerados ilegais, fraudulentos. E aí inclui-se também o pagamento ao porteiro do prédio onde reside Trump. O porteiro deveria esconder a informação de Trump possuir um filho com a doméstica que trabalhava no condomínio.
Ontem, Trump ficou cerca de 60 minutos no Tribunal de Nova York para a formal audiência de ciência e intimação da decisão dos jurados. Também foi submetido à obrigatória identificação criminal, com dados enviados a banco de dados específico, reservado aos imputados perante a Justiça dos EUA.
Tão logo Trump foi liberado do Tribunal Criminal, deu início o seu périplo político. Atenção: já em panos de vítima e discursos previamente preparados.
Para Todd Blanche, novo advogado de Trump, o dia de ontem não foi bom para Trump, que saiu do tribunal triste e emocionalmente perturbado.
Juridicamente, Trump se deu bem. As acusações não foram por crimes de menor potencial ofensivo. Nem pelo felony, categoria para crimes mais graves, com pena máxima de 20 anos. Trump saiu enquadrado na denominada categoria E, esta reservada a crimes com pena máximas de 4 anos de prisão.
O promotor-acusador, Alvin Bragg não tripudiou sobre Trump. Disse, em entrevista, que todos são iguais perante a lei e é dever do seu ofício esclarecer os fatos. Para Trump, o acusador público Bragg é corrupto e está sendo financiado pelo magnata George Soros para acusá-lo falsamente.
Com o seu Boing 757, um avião quase igual ao presidencial, Trump deixou Nova York e rumou para a Flórida. Havia marcado uma coletiva no complexo de Mar-a-Lago, onde tem casa.
Na coletiva à imprensa e sobre as 34 acusações, Trump ressaltou: " O único crime de que me acusam foi, na verdade, ter defendido a América".
Durante a sessão no tribunal, o juiz Juan Merchan não lhe impôs a "gag order", como se esperava e referente à proibição de se manifestar ofendendo a Corte e os jurados. Merchan, no entanto, advertiu Trump a "não causar desordem civil", numa lembrança ao episódio do Capitólio, quando o republicano perdeu a eleição.
Trump deverá voltar ao Tribunal de Manhattan no dia 4 de dezembro para participar de audiência e, se quiser, prestar depoimento.
Na coletiva de Mar-a-Lago, uma fala de Trump não passou despercebida aos analistas jurídicos e políticos. Trump destacou estar sendo vítima de um processo político voltado a desqualificá-lo às eleições de 20224. E, por duas vezes, repetiu: "Isso não vai terminar nas 34 acusações falsas. Em breve, teremos muito mais".
A expressão "muito mais", embora não tenha Trump esclarecido, diz respeito à imputação de tentativa de manipulação e de alteração do resultado eleitoral, no estado da Geórgia quando da sua derrota para Joe Biden. Na Georgia, 71 testemunhas foram já ouvidas pelo Grande Júri.
Como se percebe, Trump irá tentar abafar as acusações criminais, atuais e futuras, com o discurso político, onde sempre negará os crimes e ressaltará ser vítima de armações para tirá-lo das eleições presidenciais de 2024.
Joe Tacopina, advogado de Trump perante o Grande Júri de Manhattan, deixou o jurídico de lado, em entrevista ao sair da Corte.
Sem apresentar nenhuma prova, o referido advogado frisou, em manifestação política e não jurídica, estar Trump "um inocente, sendo vítima de perseguição política". Na sua canhestra visão, entende ser possível usar-se a Justiça dos EUA para se perseguir politicamente alguém.
Num pano rápido, Trump vai continuar a usar de mentiras para tentar escapar à lei penal.
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