Wálter Maierovitch

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Opinião

Entre bombas e alertas da ONU, piora o cenário do conflito Hamas x Israel

Enquanto os ataques aéreos israelenses intensificam-se e o Hamas acaba de lançar o seu míssil de número 7.000 contra Israel, a carnificina iniciada em 7 de outubro aumenta, e o desespero cresce em progressão geométrica.

A grave situação traz à lembrança o título do best-seller do saudoso escritor judeu Amos Oz, "Uma história de amor e de trevas".

Em Gaza, prédios residenciais são derrubados. Segundo fonte do Hamas, causador do desejado conflito que foi arquitetado com a mão do gato do Irã, 1,4 milhão de palestinos deixaram as suas residências.

Dos panfletos ao general

Como informou esta coluna, Israel preparava-se para espalhar panfletos com proposta de pagamento em troca de informações.

A operação começou hoje, a partir de Khan Younis, no sul e em zona de intensa concentração de migrantes, a maioria em situação desesperadora.

Os panfletos, segundo a meta determinada, deverão circular por toda a Faixa de Gaza, com maior difusão na Cidade de Gaza. Dos volantes consta o seguinte texto: "Se querem um futuro melhor para vocês e para as suas famílias, enviem a nós informações confiáveis e úteis sobre os reféns capturados e presos na vossa zona. Asseguraremos a vocês a máxima discrição, proteção e também um prêmio em dinheiro".

Para o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, os reféns são prioritários. Acrescentou que as forças de terra estão prontas para eventual invasão à Faixa de Gaza, "mas aguardam instruções políticas".

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Sobre o convite formulado ao general norte-americano James F. Glynn — condecorado combatente na guerra do Iraque e no contraste repressivo ao terrorismo do Estado Islâmico — o porta-voz apenas disse que "combate e decisões somos nós que devemos tomar".

A verdade é que o experiente general F. Glynn aceitou o convite do governo de Israel. Não foi um convite para fazer turismo. Assim sendo, ele deverá atuar como observador e, lógico, conselheiro. Seguramente deverá desaconselhar a invasão de Gaza por terra, conforme pressão do presidente Joe Biden.

Quanto aos reféns feitos pelo Hamas, estimados por Israel em 222, o Egito e o Qatar atuam intensamente na liberação.

Atenção. Ontem, duas reféns idosas foram libertadas, mas os seus maridos, também idosos, permanecem com o Hamas.

Balanços pelas partes

Todos os dias temos a divulgação dos balanços do conflito guerra. São apresentados por Israel e pelo denominado ministério sanitário do governo de Gaza, controlado pelo Hamas.

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Pela parcialidade dos envolvidos, os balanços devem ser temperados, conforme recomendação avoenga, com um grão de sal.

Israel não tem interesse de contar sobre os soldados e oficiais mortos, pois seria indicativo de sucesso do Hamas.

Do lado do Hamas, o interesse é exagerar no número de civis mortos, com destaque para crianças e mulheres.

Israel informou haver atingido, nas últimas 24 horas, 320 alvos de forças combatentes do Hamas. Fala em ataques pontuais, em alvos dados como militares.

O Hamas apresenta mais dados do que Israel. Informa que 5.791 palestinos morreram desde o início dos ataques israelenses (não usa a palavra reação). Só nas últimas 24 horas teriam morrido 704 civis palestinos.

Outros dados do Hamas: 580 mil cidadãos buscaram refúgio e encontram-se em escolas geridas pela ONU. Superlotação no interior do hospital al-Shifa, com capacidade para 700 leitos: 5.000 estariam no seu interior e no aguardo de atendimento. Cerca de 45 mil permaneceriam no pátio externo.

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Otan invoca Direito Internacional

Todo mundo sabe que o Direito das Gentes (Direito Internacional Pùblico) é sempre invocado, mas permanentemente descumprido.

Hoje ao lado do premiê sueco, Ulf Kristersson, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, saiu em defesa do Direito Internacional.

Em pronunciamento duro lembrou que os Estados nacionais, quando atacados, podem reagir, dentro dos limites da legítima defesa. Acrescentou que a defesa deve estar conforme o Direito Internacional e a proteção à população civil e exigida por ser crucial.

Para o bom entendedor, e como se diz no popular, deu uma no cravo e outra na ferradura. Legitimou a defesa de Israel em face do terrorismo do Hamas, mas falou dos limites de não se poder colocar em risco os civis inocentes.

Stoltenberg levou o dardo mais adiante ao avisar ao Irã e o Hezbollah para não se envolverem no conflito entre Hamas e Israel, devendo de toda a maneira não favorecerem uma piora de situação.

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Pano rápido

O presidente francês, Emmanuel Macron, leva na visita a Israel — além do apoio ao país e o repúdio ao terror — um plano com três objetivos imediatos.

Macron se aproveitará da cautela mostrada por ocasião da última cúpula de países árabes, em especial pelo Egito, pela Jordânia e pela Arábia Saudita.

Macron, um concorrente de Lula na busca de protagonismos e reconhecimentos internacionais, tentará cacifar-se como negociador da paz. O mesmo que o pretendido pela China.

Atenção: nesse tabuleiro de xadrez geopolítico e cujas regras estão no Direito Internacional, até o presidente russo, Vladimir Putin, já fala, sem corar as faces, em respeito a direitos humanos e busca da paz.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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