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Falsos infiltrados e mortes: as mentiras bolsonaristas sobre atos golpistas

Publicações falsas sobre supostos infiltrados e mortes inundaram as redes bolsonaristas após os ataques terroristas em Brasília - Arte/UOL sobre Reprodução Redes Sociais
Publicações falsas sobre supostos infiltrados e mortes inundaram as redes bolsonaristas após os ataques terroristas em Brasília Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução Redes Sociais

Do UOL, em São Paulo

12/01/2023 04h00Atualizada em 16/01/2023 15h42

Desde que golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e destruíram as sedes dos três poderes em Brasília no último domingo, bolsonaristas têm trabalhado em falsas narrativas para tentar desvincular o movimento das cenas de destruição deixadas em Brasília.

Para isso, se valem de mentiras sobre falsos petistas infiltrados, que segundo eles, teriam sido responsáveis pela destruição, embora vídeos publicados pelos próprios golpistas e transmitidos ao vivo durante a invasão mostrem o contrário.

Como consequência, mais de 1000 pessoas foram detidas, entre os que estavam no acampamento golpista na porta do QG do Exército e os que participaram da ação terrorista. Nesse caso, começaram a surgir fake news sobre supostas mortes e tratamento degradante dado a idosos e crianças — idosos foram liberados pela PF, assim como adultos que estavam acompanhados de crianças.

Não há registro de mortes no ginásio da sede da Academia da PF, onde se concentram os detidos. Essas mentiras chegaram a ser ventiladas pelo grupo que se autodenomina "Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil" (veja aqui e aqui). Foi desmentida pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, que visitou o local.

A reportagem do UOL também esteve na porta do ginásio da PF e constatou que os detidos têm acesso a três refeições diárias, além de atendimento médico. Também mantêm o acesso a seus celulares, por onde publicaram vídeos reclamando da comida.

Veja as mentiras divulgadas por bolsonaristas:

Falsas mortes em ginásio da PF

    Foto de banco da imagem. A foto de uma idosa que morreu em outubro de 2022 foi usada para disseminar a mentira de que ela teria morrido dentro do ginásio da PF. O boato foi desmentido pela Polícia Federal e a família de Deolinda Tempesta Ferracini, a mulher que aparece na foto, se manifestou sobre a mentira. "Fake news porca, nojenta", disse a neta de Deolinda em vídeo nas redes sociais.

    A foto foi tirada de um banco de imagens. A desinformação foi divulgada pelos deputados bolsonaristas Bia Kicis (PL-DF), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Osmar Terra (MDB-RS) e André Fernandes (PL-CE).

    "Dona Nilma, dona Carmem e dona Leonira". Mesmo sem registro de mortes, bolsonaristas veicularam nas redes sociais que idosas identificadas como "dona Nilma Marson", "dona Carmem" e "dona Leonira Machado" teriam morrido no ginásio da Academia da PF. Elas não constam na lista de presos divulgadas pela Seap-DF.

    Outro nome que apareceu em fake news sobre morte de idosas é Elizia Maria Gonçalves. Ela também não consta na lista de presas. A PF reafirma que não houve registro de mortes, e que 684 detidos foram liberados, entre eles idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e pais e mães acompanhados de crianças.

    Falsos infiltrados

    Não era sobrinho do Zeca do PT. Bolsonaristas também fizeram circular denúncias falsas de supostos "petistas" infiltrados nos atos terroristas. Publicações apontavam de forma errada que um homem barbudo e de óculos que aparece nas imagens do ataque às sedes dos três poderes seria o sobrinho do ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT, Marcelo Heitor. A informação é falsa. Os dois não se parecem fisicamente, e Marcelo se pronunciou nas redes sociais. O golpista do vídeo não foi identificado.

    Publicitário estava em Araraquara. O publicitário Fernando Brondi foi apontado por bolsonaristas como sendo o homem que aparece em um vídeo dizendo que levou três tiros durante o ataque à capital brasileira. No mesmo dia, o presidente Lula visitou Araraquara e Brondi publicou uma foto com o presidente. Bolsonaristas associaram a foto do empresário ao homem do vídeo. Mas Brondi estava em Araraquara, no interior paulista. O vídeo do homem que diz ter sido ferido foi publicado pelo portal Metrópoles (aqui).

    Líder comunitário é alvo de bolsonaristas mais uma vez. O ativista do Complexo do Alemão Raull Santiago foi, mais uma vez, vítima de desinformação bolsonarista. Semana passada ele foi apontado pelo lutador de MMA Renzo Gracie como "chefão do PCC" junto com outros dois líderes comunitários de favela — Renee Silva e Preto Zezé. Esta semana, Raull Santiago foi alvo de uma fake news que o apontou como suposto "segurança infiltrado" (veja aqui). Tuítes do ativista do dia 8 de janeiro indicam que ele estava no Rio de Janeiro (aqui e aqui).

    Bolsonaro endossou mentiras golpistas

    Lula é o presidente eleito do Brasil e urnas são seguras. Na madrugada desta quarta-feira (11), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo endossando a mentira golpista que dizia que Lula não teria sido eleito pelo povo, e sim escolhido pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF e do TSE. Após a repercussão, o conteúdo foi apagado da rede social de Bolsonaro.

    O vídeo da publicação endossava ainda a desconfiança nas urnas eletrônicas, alvo de intensa campanha de desinformação de Bolsonaro durante todo o seu mandato. Os bolsonaristas golpistas que atacaram Brasília não aceitam o resultado legítimo da eleição.

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