Covid, vacina e eleições: as mentiras que marcaram o mandato de Bolsonaro
Jair Bolsonaro responde a dois inquéritos no STF por mentiras contadas ao longo de quatro anos de mandato na Presidência:
- Um sobre processo eleitoral;
- Outro sobre a pandemia de covid-19.
A pandemia predominou nas matérias do UOL Confere sobre as falas do presidente: foram mais de 40 checagens sobre o assunto. A cada ano do mandato, o presidente repetia mentiras antigas, enquanto incorporava novas ao repertório; confira os destaques:
Em 2020, Bolsonaro começou a mentir sobre como proteger a população do vírus
Desde o início da crise sanitária, em março, ele deu declarações contrárias às recomendações de autoridades sanitárias:
- Afirmou que "a maioria das pessoas é imune ao vírus" (aqui);
- Defendeu a "imunidade de rebanho" (aqui);
- Criticou o isolamento social para justificar a crise econômica (aqui), chamou a medida de "errada" (aqui) e disse que não servia para combater a pandemia (aqui);
- Distorceu falas do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, que, segundo ele, "não apoiou o lockdown" (aqui).
- Criticou uso de máscaras ao dizer que "reduziram a oxigenação" (aqui) e sugerir que causariam pneumonia bacteriana (aqui).
O isolamento social e o uso de máscaras, vale lembrar, ainda são as principais recomendações para pessoas com diagnóstico ou suspeita de covid-19 para conter a disseminação do vírus.
As mentiras sobre os remédios. O presidente não só mentiu sobre as mortes causadas pela doença, mas também insistiu na indicação de medicamentos ineficazes —como ivermectina, nitazoxanida, cloroquina, azitromicina, proxalutamida e o suposto tratamento precoce. Falas de Bolsonaro foram checadas em 2020 (leia aqui), em 2021 (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) e em 2022 (leia a checagem).
As verdades sobre os remédios.
- Ivermectina: antiparasitário indicado para tratar doenças causadas por vermes, assim como o nitazoxanida (Annita);
- Cloroquina: indicada para o tratamento da malária;
- Azitromicina: antibiótico;
- Proxalutamida: medicamento experimental estudado para o tratamento de câncer de próstata e de mama; não é aprovado nem comercializado no Brasil e em nenhum lugar do mundo, mas foi usada em pacientes com covid-19 em Manaus em estudo irregular.
Bolsonaro também mentiu sobre os medicamentos desenvolvidos especificamente para o tratamento da covid.
- Segundo ele, o Paxlovid, da Pfizer, e o Evusheld, da Astrazeneca têm o mesmo mecanismo de ação que a ivermectina, o que é falso (leia a checagem aqui).
- O presidente também mentiu ao tratar dois sprays nasais diferentes como se fossem os mesmos. No entanto, um deles é uma vacina em desenvolvimento e o outro, um spray israelense sem eficácia comprovada que ele quis comprar (leia as checagens aqui e aqui).
Em 2021, Bolsonaro passou a mentir também sobre os efeitos e a eficácia da vacina
O presidente chegou ao ponto de afirmar, em outubro de 2021, que o imunizante contra covid-19 causaria Aids, o que é falso (veja checagens aqui e aqui). Ele responde a um inquérito na Polícia Federal, que considerou que Bolsonaro cometeu incitação ao crime ao fazer a falsa associação. Além disso:
- Tentou levantar suspeitas sobre a CoronaVac --mesmo depois de aprovada pela Anvisa-- com base em mentiras, como a de que havia problemas com o imunizante no Chile (veja aqui, aqui, aqui e aqui).
- Repetiu inúmeras vezes que não precisaria se vacinar porque já havia contraído a doença, o que é falso (veja a checagem aqui), e disse que a OMS era contrária à vacinação de adolescentes, o que também é mentira (aqui).
- Durante o segundo turno da campanha eleitoral, continuou repetindo que a vacina contra covid-19 seria indicada apenas para quem não teve a doença (aqui).
Mesmo quem já teve covid deve se vacinar, por causa do surgimento de variantes.
Em 2022, foi a vez de Bolsonaro mentir sobre a própria atuação
Durante a campanha eleitoral este ano, o presidente mentiu sobre ações do governo nos momentos de crise da pandemia (veja checagens aqui e aqui).
- Chegou a afirmar, repetidas vezes, que não comprou vacinas porque não estavam à venda em 2020. No entanto, registros da CPI da Covid mostram que os laboratórios começaram a entrar em contato com propostas de negociações em maio. Além disso, diversos países começaram a vacinar em dezembro.
Além de ter levantado suspeitas infundadas sobre o número de mortes por covid-19 (leia aqui, aqui e aqui), mentiu ao dizer, durante a campanha, que crianças não morrem de covid e presos não morreram da doença —contrariando dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Também durante a campanha, disse que a CPI da Covid, no Senado, não achou "nada" sobre ele (veja aqui a checagem). Mas o relatório final pediu o indiciamento do presidente por dez crimes e diz que Bolsonaro e seus filhos:
- Atuaram na criação e disseminação de informações falsas sobre a pandemia;
- Utilizaram a estrutura governamental para disseminá-las;
- Contaram com suporte de comunicadores que propagaram informações falsas sobre a covid-19 (leia aqui a checagem das fake news de Bolsonaro listadas na CPI).
Eleições
As urnas eletrônicas e o processo eleitoral também foram colocados sob suspeita pelo presidente a partir de notícias falsas:
- Bolsonaro chamou o voto eletrônico de "porcaria" e defendeu o voto impresso (leia a checagem aqui);
- Repetiu diversas vezes a mentira de que o processo eletrônico de votação não é auditável (veja aqui como foi a auditoria da eleição de 2022) e é "fraudável" (aqui);
- Insinuou que a invasão ocorrida em sistemas do TSE em 2018 indicaria a existência de fraude eleitoral (aqui);
- Afirmou que a contagem de voto é feita por "meia dúzia" de pessoas em uma "sala fechada" (aqui);
- Fez acusações de fraudes em eleições passadas sem apresentar qualquer prova de suas alegações (aqui e aqui).
Nunca houve registro de fraude eleitoral desde a adoção do voto eletrônico, em 1996.
Meio ambiente
Desde 2019, seu primeiro ano de mandato, o presidente repete a mentira de que a Amazônia não pega fogo, negando as queimadas criminosas no bioma.
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