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Primeiro caso de pneumonia química deixa UTI e procura 'anjo' que a tirou de incêndio

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

01/02/2013 10h57

Ingrid Preigschadt Galvani foi o primeiro caso de pneumonia química entre as vítimas do incêndio na boate Kiss, no último domingo (27). A jovem de 21 anos trabalhava na casa noturna, conseguiu sair na hora do incêndio, mas horas depois apresentou sintomas. Recuperada, ela já deixou a UTI para o quarto e procura o "herói anônimo" responsável por salvar sua vida.

Trabalhando atrás do balcão da boate Kiss no incêndio do último domingo, quando as chamas e a fumaça começaram a se espalhar, Ingrid colocou a cabeça dentro de um freezer, tomou ar sem fumaça e tentou sair do local. Pulou o balcão, mas esbarrou na multidão tentando encontrar a saída.

Não conseguia sair e, quando achou que ia desmaiar,  foi puxada por um anônimo. Alguém que não a conhecia, que ela não havia visto. Este herói pegou sua mão e a puxou para fora. Salvou sua vida.

"Não sabemos queM ele é, sempre falei que, se ele estiver vivo, e torço para que esteja, queria muito conhecê-lo, vê-lo. Passou a ser nosso melhor amigo. Trouxe minha filha de volta. Salvou a vida dela e, com isso, salvou também a minha e de toda nossa família", disse a mãe de Ingrid, Eliate Galvani, ao UOL. "Ele é um anjo. Um anjo que salvou minha filha", completou.

Ao fundo, outra voz foi ouvida na ligação. Tratava-se da própria Ingrid, que preferiu não falar, pois está em recuperação, mas detalhou onde estava seu salvador para ter mais chance de conhecê-lo no futuro.

"Ele estava bem à direita, perto dos táxis", disse a menina, dando sinais de melhora.

Ingrid saiu do incêndio, mas permaneceu na parte de fora da boate Kiss em busca de informações sobre amigos. Cerca de três horas depois, foi para casa. A família estava em férias em Capão da Canoa, no litoral do Rio Grande do Sul. Ela estava acompanhada do irmão e da cunhada. Todos se salvaram.


"Meu filho ligou quando tudo havia se acalmado. Era madrugada. Mas, quando ele pôde, ligou. Prontamente voltamos para ajudar. Ainda bem que todos se salvaram", falou Eliete.

Mas, algumas horas mais tarde, Ingrid apresentou falta de ar e muita tosse. Precisou ser internada e levada a coma induzido. Após dias de UTI, a recuperação já autorizou a transferência para o quarto.

"Estamos muito felizes. Ela está sob medicação, em recuperação. Antes falava conosco por mímica somente, agora já está falando. Está bem. Graças a Deus", contou Eliete. "A primeira coisa que ela fez ao voltar a falar conosco foi perguntar como estavam todos. Ela tinha muitos amigos ali", acrescentou.

Nem todos tiveram a mesma sorte. Nem todos os heróis anônimos, como o de Ingrid, conseguiram sair da boate. A tragédia de Santa Maria já soma 236 mortos. Outros 145 seguem internados, destes 71 em estado grave.

  • Arte UOL

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