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Duas últimas testemunhas do caso Gil Rugai negam ter visto assassino perto da cena do crime

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 14h59

Os depoimentos de duas testemunhas que trabalhavam nas imediações da residência do casal Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitini encerram esta etapa do júri popular do estudante Gil Rugai, 29, nesta quinta-feira (21). O réu será interrogado por volta das 15h10 --na volta do intervalo do almoço, decretado pelo juiz Adílson Simoni.

Uma das testemunhas ouvida hoje, 4º dia de júri, foi o vigia Fabrício Silva dos Santos. Ele trabalhava em uma guarita de vigilância perto da residência onde o casal foi morto a tiros, em março de 2004, na rua Atibaia, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).

A terceira e última testemunha foi Francisco Luiz Valério Alves, motorista de um vizinho do casal assassinado. Segundo a acusação, Alves teria ouvido a confissão do primeiro vigia na delegacia, na saída de um primeiro depoimento no qual negara ter visto Rugai deixar o local.

A Alves, no elevador do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o vigia teria confidenciado que não era “louco” de admitir que vira Gil Rugai no local do crime pois tinha medo de retaliações.

O vigia que falou nesta quinta-feira (21) disse não ter visto ninguém deixar o local do crime na noite do dia 28 daquele mês.

Ele trabalhava em uma guarita na rua Traipu, que fazia fundo à residência do casal, e disse ter ouvido “três barulhos –nenhum outro, depois disso”.

De acordo com o vigia, ele teria visto seu companheiro de trabalho em outra rua --a Atibaia, a da frente da casa-- dentro da guarita.

Esse primeiro vigia é testemunha-chave no processo. Arrolado pela acusação, ele foi o primeiro a ser ouvido no júri em que o estudante é julgado, na última segunda-feira (18), e foi também a única testemunha até agora a dizer que Rugai deixou o local do crime minutos após serem ouvidos disparos.

Aspecto de divergência entre defesa e acusação, o primeiro vigia disse inicialmente estar na guarita, e, em juízo, que estaria fora dela –de modo que poderia, argumentou, ter visto Rugai e outro homem deixarem a casa. Até hoje esse segundo indivíduo não foi identificado. O vigia de hoje disse ter visto o colega fora da cabine, que foi queimada, dias depois, em um incêndio criminoso cuja autoria foi investigada, mas nunca foi descoberta.

Motorista viu corpo de Alessandra

Última testemunha a depor, o motorista disse que estava na casa do patrão, um arquiteto que mora, no dia do crime.

Após ouvir um barulho que ele achou ser bombinha, na hora dos primeiros disparos, deu uma volta nas imediações a pedido do arquiteto. Nisso, ouviu a segunda fase dos disparos --quando o empresário teria sido morto.

Ao voltar para a casa do patrão e olhar pela janela, disse, no júri, comentou com o arquiteto: “Aconteceu alguma coisa porque o corpo da Alessandra está na porta e está cheio de sangue”, relatou.

O motorista não soube precisar o espaço de tempo entre uma sequência e outra de barulhos e disse não ter visto ninguém entrando ou saindo da residência do casal.

Entenda o caso

Gil Rugai é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.