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Promotor diz que juiz do caso Gil Rugai é omisso e pode comprometer resultado do júri

Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 10h03

Promotor do caso Gil Rugai, Rogério Leão Zagallo disse em entrevista na manhã desta quinta-feira (21) que o juiz Adilson Simoni está sendo omisso e que isso pode comprometer o resultado do júri.

"Se alguém viu o juiz neste julgamento, me avise", disse Zagallo. "Tenho total respeito por ele, mas me causa espécie a forma pela qual ele está deixando este julgamento correr".

Na opinião do promotor Zagallo, o magistrado foi "contemplativo e permissivo" durante os questionamentos que a defesa de Gil Rugai fez ao vigia Domingos --que não tem o nome verdadeiro revelado por participar de um programa de proteção a testemunhas--, e ao delegado que investigou o caso à época, Rodolfo Chiareli.

Para o assistente de acusação Ubirajara Mangini, o juiz pode ter receio de que alguma atitude dele resulte em um pedido de nulidade processual por parte da defesa. 

Na avaliação do advogado de defesa, Marcelo Feller, o juiz está conduzindo o julgamento de forma totalmente imparcial. "Me parece que o desespero já está tomando conta", disse Feller. O magistrado não foi encontrado pela reportagem do UOL para comentar as declarações da promotoria.

O depoimento do delagado Chiareli foi o mais longo do júri atá agora, com cerca de seis horas de duração. A estratégia da defesa, neste caso, foi tentar enciontrar falhas na investigação.

Já no depoimento de Domingos, a defesa de Gil Rugai tentou fazer com que o vigia caísse em contradição em relação a detalhes sobre a noite do crime. Domingos, porém, manteve a versão de que viu Gil Rugai sair da casa na noite em que o casal foi assassinado.

O penúltimo dia de julgamento do estudante Gil Rugai, 29, será fechado nesta quinta-feira (21) com o interrogatório do réu. Segundo a defesa, ele não só não se manterá calado --possibilidade que a lei autoriza-- como manterá a versão dada desde o início das investigações: a de que é inocente.

Rugai é julgado sob acusação de ter matado o pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, em 28 de março de 2004. O crime aconteceu na residência do casal no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Irmão do réu é poupado pela promotoria

Os últimos depoimentos da defesa foram colhidos nesta quarta-feira (20). A surpresa ficou para o final, quando o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo, abriu mão de inquirir o irmão do réu, Léo Rugai, após ele falar ao juiz e à defesa. A acusação alegou “respeito ao filho da vítima”, uma vez que o empresário morto era também pai do massagista de 27 anos.

Léo disse ter certeza de que o irmão não é responsável pelo crime e que não questionou sobre o que o irmão teria feito na noite em que o pai e a madrasta foram mortos. "Foi mais uma coisa de olhar no olho e questionar. Eu o conheço e acredito nele", resumiu.

Entenda o caso

Gil Rugai é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.