Índios removidos de museu no Rio reclamam que secretaria 'bagunçou' pertences
Índios e ativistas removidos da Aldeia Maracanã na última sexta-feira (22) foram ao depósito da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em Barros Filho, zona norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (28), buscar os pertences deixados no antigo terreno. Na quarta-feira (27), o juiz Renato Cesar Pessanha de Souza, da 8ª Vara Federal, determinou um prazo de 24 horas para que a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos devolvesse os objetos pessoais dos antigos moradores da aldeia.
Durante a ida ao depósito, a partir das 10h desta quinta-feira, os índios disseram ter encontrado objetos como livros, roupas, calçados e artesanatos misturados uns aos outros. Um dos indígenas contou à reportagem que a secretaria não fez uma lista do que foi retirado do local no dia da remoção. Procurado, o órgão negou a informação e afirmou que a listagem está sendo usada para identificação e devolução dos pertences.
Segundo o índio Guarapirá, da etnia pataxó, as pessoas entravam de duas em duas no depósito para buscar seus objetos. À medida em que identificavam o que era seu, saíam, e os agentes da secretaria anotavam o que era retirado.
“Vamos demorar muito tempo ainda para conseguir achar o que era de cada um. Peguei umas roupas e uma mala com artesanatos. Onde estamos em Jacarepaguá é pequeno e não dá para levar muita coisa”, explicou Guarapirá.
“O depósito está uma bagunça. Os representantes da secretaria estavam fazendo uma lista no momento em que os objetos eram achados. Foi tudo jogado aqui de qualquer jeito, ninguém tomou cuidado com nossos pertences, não tem como identificar nada. Não consegui achar meus documentos, meu computador nem minha máquina fotográfica. Vou ter de voltar aqui muitas vezes para procurar tudo”, contou o índio Urutau, da etnia guajajara, que é professor e encontrou "alguns livros e algumas roupas".
A secretaria afirmou que, apesar de ter feito a lista, a responsabilidade sobre relacionar bens cabe aos oficiais de Justiça que cumpriram o mandado de posse. O órgão ainda informou em nota que "os bens foram transportados com todo o cuidado possível, apesar de serem considerados, em sua grande maioria, inservíveis pelos próprios oficiais de justiça que fizeram o levantamento na saída do imóvel".
A assessoria disse que, no depósito, os pertences dos índios estavam guardados de forma organizada, mas que foram remexidos ao logo do dia, quando eles foram procurando seus objetos. "A decisão sobre por quanto tempo os bens ficarão no imóvel é da Justiça, mas o interesse é que eles sejam resgatados pelos seus donos o quanto antes", diz ainda a nota.
De acordo com o índio Baré, da etnia aruaque, havia um armário, dois bancos e um guarda-roupa quebrados no local. No entanto, uma estante que ele e outros índios tinham, com mais de cem livros, foi encontrada sem problemas.
“Está faltando muita coisa. Saí da aldeia levando roupas e meus documentos. Procurei meus cocares, materiais de artesanato e meu arco e flecha, mas não encontrei. Só achei meu cachimbo e um clarinete. Está tudo revirado”, disse ele.
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