Protesto de índio em árvore no Rio de Janeiro já dura 24 horas
Um índio identificado como Urutau José Guajajara está há 24 horas em cima de uma árvore em protesto à desocupação do prédio do antigo Museu do Índio, nas imediações do Estádio do Maracanã, zona norte do Rio. Usando um cocar, ele subiu na árvore na segunda-feira(16), às 9h30, e até a manhã desta terça-feira (17), permanece sentado num galho, a quatro metros de altura.
Ontem, por volta das 8h, cerca de 150 policiais militares do Batalhão de Choque entraram no prédio e retiraram 30 pessoas. Os ocupantes acusaram os PMs de terem agido com truculência durante a desocupação, inclusive com spray de pimenta. Segundo eles, até uma mulher grávida teria sido agredida. Já a polícia alegou que precisou usar a força porque alguns manifestantes se recusaram a deixar o edifício.
Todos os detidos foram levados em um micro-ônibus da PM para a 18.ª Delegacia de Polícia (Praça da Bandeira). Durante três horas, a pista sentido Praça da Bandeira da Avenida Radial Oeste ficou interditada.
Enquanto o imóvel era desocupado, Guajajara deu a volta no prédio e subiu na árvore. Um negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope)tentou convencê-lo a descer, sem sucesso. Ainda pela manhã, o delegado Fábio Barucke, da 18.ª DP, esteve no local, mas também não teve sucesso. E dois bombeiros usaram uma escada para conversar com ele. Mais uma vez, ele se recusou a descer.
Ativistas que apoiavam Guajajara hostilizavam PMs, bombeiros e repórteres. Houve vários momentos de tensão durante todo o dia. Às 12h30, a PM cercou a árvore onde o índio estava com grades. Para não serem retirados, alguns ativistas chegaram a sentar no chão. Os PMs utilizaram a força para retirá-los. Alguns foram carregados. No total, 26 pessoas foram detidas e levadas para a 18.ª DP.
Versões
O governo do Estado alegou que a desocupação de ontem visava a cumprir uma ordem da Justiça Federal, de março deste ano. Já os indígenas mostraram um despacho da 7.ª Vara Federal, de setembro, em que o juiz Bruno Nery diz que o Estado desistiu da demolição do prédio do museu e o devolveu à comunidade indígena.
Por sua vez, a assessoria da Justiça Federal esclareceu que, em 14 de março, determinou a imissão de posse do prédio do antigo Museu do Índio, e que o mandado foi cumprido no dia 22 daquele mês. Ainda segundo a Justiça, não foi expedido nenhum outro mandado para reintegração da posse do imóvel.
Segundo o governo do Estado, o prédio do antigo Museu do Índio não será derrubado, e será transformado num Centro de Referência das Culturas Indígenas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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