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Bope e Batalhão de Choque retiram índios da Aldeia Maracanã pela 2ª vez

Obras na Aldeia Maracanã, que havia sido desocupada pelos indígenas em 22 de março, com a presença Batalhão de Choque da PM - Reynaldo Vasconcelos/Futura Press
Obras na Aldeia Maracanã, que havia sido desocupada pelos indígenas em 22 de março, com a presença Batalhão de Choque da PM Imagem: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

26/04/2013 17h05Atualizada em 26/04/2013 17h32

O Bope (Batalhão de Operações Especiais) informou na tarde desta sexta-feira (26) que alguns índios invadiram as instalações da Aldeia Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o batalhão, 60 policiais do 4º BPM, do Bope, do BPChq (Batalhão de Choque) e do GAM (Grupamento Aeromóvel) foram até o local e fizeram a retomada do local.

De acordo com o Bope, não foi necessário o uso da força. Manifestantes no local afirmaram, no entanto que fora utilizadas bombas de efeito moral na ação. Sete índios e dois simpatizantes da causa foram encaminhados à 18ª Delegacia de Polícia (Praça da Bandeira), e foram liberados por volta das 18h30.

Os índios foram autuados por invasão de domicílio, e o caso será encaminhado à Polícia Federal. Já os manifestantes responderão por desacato e devem ser submetidos a exame de corpo de delito.

"Eles estavam tentando voltar para a casa deles. Os índios entraram por um buraco na lateral do muro e não relataram agressão por parte dos policiais", afirmou Arão Guajajara, advogado dos indígenas. O índio Urutau, que fala em nome dos demais, afirmou, ao deixar a delegacia, que eles vão defender a estada no antigo Museu do Índio "até a morte". "Aquele prédio é um patrimônio indígena. Nós vamos voltar", afirmou.

O major Ivan Blaz, do Bope, disse o grande número de policiais envolvido na operação foi para "garantir a tranquilidade de 4 milhões de pessoas que transitam entre o centro e a zona norte em uma sexta-feira na hora do rush, como foi o caso de hoje".

A ocupação aconteceu às vésperas da reinauguração do maracanã, neste sábado (27), com um jogo entre os amigos de Ronaldo e amigos de Bebeto. O evento terá a presença da presidente Dilma Rousseff e do governador do Rio, Sérgio Cabral. Entre os convidados estarão parentes dos operários que trabalharam na obra.

No dia 22 de março, cumprindo decisão da Justiça Federal, a polícia realizou a reintegração de posse do antigo Museu do Índio, ocupado pelos indígenas da Aldeia Maracanã desde 2006.

Invasão

A polêmica disputa pelo terreno no qual está situado o antigo Museu do Índio, no entorno do Maracanã --que será o principal estádio da Copa do Mundo no Brasil, em 2014--, no Rio de Janeiro, começou em outubro de 2012. Os indígenas ocupavam o local desde 2006. Os ocupantes queriam que o local se transformasse em um centro cultural. A polícia foi para o local para cumprir um mandado de desocupação expedido pela Justiça Federal. O prazo final para os índios deixarem o local terminou no dia 21 de março.

Com a entrada do homens do Batalhão no local, os manifestantes que se dirigiram ao local no início da manhã e que protestavam do lado de fora contra a desocupação se sentaram na pista da Radial Oeste e fecharam a pista. A polícia utilizou spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o protesto, mas a via continuava fechada, segundo o Centro de Operações. Manifestantes chegaram a jogar pedras nos policiais e houve confronto em alguns casos.

O coronel Frederico Caldas, relações-públicas da Polícia Militar, disse que a invasão se deu após um incêndio iniciado no interior do museu. O Corpo de Bombeiros precisou ir até o local para apagar as chamas. "Eles começaram a colocar fogo numa oca. O fogo se espalhou pelas árvores e ia chegar até o prédio. Se nós não entrássemos, estaríamos agora diante de cinzas", afirmou. Ele disse ainda que índios e manifestantes começaram a jogar pedras quando a polícia entrou.

Já o índio Michael Oliveira, da etnia Arauaque, relata que o Batalhão de Choque invadiu o local no meio de um ritual indígena. "A gente estava fazendo nosso ritual e a políciaentrou desrespeitando a gente. Me bateram com cacetete, jogaram gás, ao contrário do que foi combinado", contou.