PM afasta policiais suspeitos de ter sumido com jovem negro após abordagem
Resumo da notícia
- Apuração da Corregedoria identificou viatura que patrulhou na região
- PMs da viatura identificada foram afastados do serviço operacional
- Jovem sumiu após abordagem feita em Jundiaí no dia 27 de dezembro
- Desde o desaparecimento, família diz procurá-lo todos os dias
Após investigação da Corregedoria da PM (Polícia Militar), a corporação afastou do serviço operacional os policiais suspeitos de terem sumido com Carlos Eduardo dos Santos Nascimento, 20, após uma abordagem feita em um bar de Jundiaí, no interior de São Paulo, na tarde de 27 de dezembro.
O afastamento ocorreu após a Corregedoria ter conseguido identificar a viatura que fazia patrulhamento na região do Jardim São Camilo, onde o jovem estava, no horário e local indicados pelas testemunhas. Essas testemunhas confirmaram a policiais da Corregedoria que a abordagem existiu.
É uma prática comum da corporação paulista retirar das ruas os PMs suspeitos de ter cometido algum erro enquanto um IPM (Inquérito Policial Militar) tenta elucidar o que de fato aconteceu. Os policiais sob suspeita estão em serviços administrativos.
Não foi confirmado o número de policiais afastados, mas se sabe que eles são lotados no 49º BPM (Batalhão da Polícia Militar). O pai do rapaz chegou a ir ao batalhão, no fim do ano passado, à procura do filho. Lá, recebeu a informação de que não havia registro de abordagem na data, local e horário indicados.
Nascimento foi a um bar, na rua Benedito Basílio Souza Filho, na periferia de Jundiaí, confraternizar com quatro amigos. Os cinco foram abordados pela PM, segundo as testemunhas. Nascimento, o único negro entre eles, foi levado dentro da viatura. Desde então, está desaparecido.
Em uma investigação paralela, feita pela Polícia Civil por meio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Jundiaí, há a tentativa de tentar encontrar o jovem por meio do rastreamento do celular dele. A polícia pediu à família, no fim da semana passada, o número do celular do rapaz, e, agora, tenta localizar o último local e horário onde o aparelho estava ligado.
O caso foi registrado como desaparecimento no fim do ano passado. Só seis dias depois a Policia Civil iniciou diligências para buscar o jovem e tentar elucidar o sumiço. "Não nos deram prazo nenhum. Nos disseram que iam começar as diligências para tentar encontrar meu filho. Mas tudo sem prazo", disse o pai do jovem, o segurança Eduardo Aparecido do Nascimento, 50.
Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que "o caso foi registrado como desaparecimento no plantão do 1° DP de Jundiaí e encaminhado à DIG do município para continuidade nas investigações, por meio de Procedimento de Investigação de Desaparecimento (PID)". Num primeiro momento, a PM informou não ter conhecimento de policiais envolvidos no caso.
"A procura continua. Todos os dias"
A família diz ter esperança de que a polícia consiga encontrar o jovem, mas também faz investigações por conta própria. "A procura continua. Todos os dias. A Corregedoria afirmou que os PMs foram afastados, mas queremos saber onde está meu filho", disse o pai, Eduardo Aparecido do Nascimento.
Nem Ano-Novo a gente teve. Passamos o tempo inteiro no mato do Jardim São Camilo procurando por ele. Sábado, domingo, segunda, terça, quarta. Passei o Ano-Novo buscando meu filho. Numa angústia que não sei descrever.
Eduardo Aparecido do Nascimento, 50, pai de Carlos
Segundo o pai, com medo de morrer, os quatro amigos abordados não se dispuseram a ir com a família à delegacia denunciar o caso.
Mas o pai diz ter ido duas vezes à Polícia Civil antes de ter ido à DIG e uma vez ao 49º BPM (Batalhão da Polícia Militar) —responsável pela área. Ele tinha ouvido que não havia nenhum registro de detenção naquele local e dia.
A esperança do pai, que trabalha como segurança em uma faculdade de Jundiaí, é que o filho tenha cometido algum delito e que esteja detido em algum lugar, mas diz também estar "preparado para o pior".
Carlos Nascimento passou o Natal com a mãe, também em Jundiaí, e disse que passaria o Ano-Novo com o pai, já que os dois são separados. "Ele me disse que passaria comigo, fiquei todo feliz, disse a ele: 'pode vir, vem, sim'. E aí meu Ano-Novo acabou sendo desse jeito aí", disse.
O que eu quero ouvir é: 'seu filho está preso em tal lugar'. Mas a gente tá preparado para tudo. Se ele errou, que pague pelo erro dele. Pela nossa criação, acredito que não errou, mas espero que tenha sido isso.
Eduardo Aparecido do Nascimento, 50, pai de Carlos
Mesmo após o desaparecimento do filho, o segurança afirma que não se pode culpar toda a corporação por um erro. E que, inclusive, conta com as forças de segurança para tentar ajudar a encontrar seu filho.
"Aqui na cidade de Jundiaí, eu nunca ouvi algo parecido. Se realmente a polícia fez algo de errado contra meu filho, todo lugar tem maçãs podres. A única coisa que quero é encontrar meu filho", afirmou.
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