Investigação do MP sobre 26 mortes em Varginha será em segredo de justiça
Uma investigação paralela do Ministério Público de Minas Gerais envolvendo o assassinato de 26 suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em assaltos a banco em Varginha (MG), na madrugada deste domingo, ocorrerá em segredo de justiça.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a comissão de direitos humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais monitoram os desdobramentos das investigações conduzidas pela Polícia Civil e pela Polícia Federal. A Polícia Militar, que participou da operação em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, abriu inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ação.
Em nota, o Ministério Público de Minas Gerais informou a abertura de um procedimento investigatório criminal sigiloso em segredo de justiça, acompanhado por um procurador e quatro promotores. "Em qualquer ação estatal que ocorra um óbito, é instaurada uma investigação para apurar as circunstâncias daquele evento", explicou o promotor Igor Serrano, em entrevista ao Estadão Conteúdo.
A apuração envolve o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e o CAODH (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário).
Ontem à noite, a Polícia Civil de Minas Gerais atualizou os dados sobre os mortos. Ao todo, 22 dos suspeitos já foram identificados oficialmente —os corpos de 19 deles foram liberados pelo IML.
Relatório de inteligência ao qual o UOL teve acesso permitiu à reportagem identificar 25 dos 26 suspeitos, divididos em ao menos quatro núcleos operacionais: dois em Minas Gerais, um em Goiás e outro em Rondônia (veja a lista abaixo).
Especialistas ouvidos pelo UOL apontam semelhanças entre o caso e a chacina de maio deste ano na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, como o elevado número de mortes e indícios de adulteração na cena do crime. A ação, ocorrida em duas chácaras na zona rural de Varginha (MG), não deixou sobreviventes entre os suspeitos. Mas nenhum policial se feriu. A PM informou que as vítimas foram retiradas com vida do local do crime.
Contudo, a versão foi contestada por especialistas em Segurança Pública. "É uma informação, no mínimo, questionável. É difícil imaginar que todos os suspeitos sobreviveram inicialmente a uma troca de tiros com armas de alto poder de fogo", analisou Cássio Thyone Almeida de Rosa, perito federal aposentado e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Dos suspeitos mortos identificados até o momento, 14 já responderam a processos criminais e quatro estavam foragidos, segundo levantamento no banco de dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Os crimes envolvem assassinatos, assaltos a mão armada, confronto com integrantes das forças de segurança e fuga da cadeia, segundo a polícia. Na lista de delitos, ocorridos em Minas Gerais, Goiás, Rondônia e Piauí, há uma morte por um desentendimento banal com o dono de um pet shop, um mega-assalto a banco e um ataque a um caixa eletrônico dentro da sede da Assembleia Legislativa de Rondônia.
Núcleo de Uberaba (MG)
- Thalles Augusto Silva, 32 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Júlio César de Lira, 36 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Dirceu Martins Netto, 24 anos
- Itallo Dias Alves, 25 anos
- Gleisson Fernando da Silva Morais, 36 anos
- Arthur Fernando Ferreira Rodrigues, 27 anos
- Francinaldo Araújo da Silva, 44 anos
Núcleo de Uberlândia (MG)
- Raphael Gonzaga Silva, 27 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- José Rodrigo Dama Alves, 33 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Gilberto de Jesus Dias, 29 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Evandro José Pimenta Júnior, 37 anos
- Luiz André Felisbino, 44 anos
- Giuliano Silva Lopes, 32 anos
- Daniel Antônio de Freitas Oliveira, 36 anos
- Ricardo Gomes de Freitas, 34 anos
Núcleo de Goiânia (GO)
- Isaque Xavier Ribeiro, 27 anos - Tinha passagem pelo sistema prisional
- Romerito Araújo Martins, 25 anos
- Zaqueu Xavier Ribeiro, 40 anos
- Darlan Ribeiro dos Santos, 41 anos
- Dirceu Martins Netto, 24 anos - Natural de Rio Verde (GO)
- Eduardo Pereira Alves, 42 anos - Morava em Brasília
Núcleo de Rondônia e outros mortos
- José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, de 27 anos - Morava no Maranhão
- Nunis Azevedo Nascimento, 33 anos - Morava em Porto Velho/RO
- Gerônimo da Silva Sousa Filho, de 28 anos - Morava em Porto Velho/RO
- Adriano Garcia, 47 anos - Único dos suspeitos que morava em Varginha, onde o grupo foi encontrado
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