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Ex-juiz paraguaio que matou brasileiro ao escapar de atentado é assassinado

O ex-juiz paraguaio Pedro David Galeano foi assassinado a tiros dentro do seu escritório de advocacia na zona urbana de Coronel Oviedo - Reprodução
O ex-juiz paraguaio Pedro David Galeano foi assassinado a tiros dentro do seu escritório de advocacia na zona urbana de Coronel Oviedo Imagem: Reprodução

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

17/11/2021 15h03

O ex-juiz paraguaio Pedro David Galeano, 36, foi assassinado a tiros hoje de manhã dentro do seu escritório de advocacia na região urbana de Coronel Oviedo, no Paraguai. A vítima, que presidia a Ordem dos Advogados do Departamento de Caaguazú, matou um brasileiro ao reagir a um atentado em 2018.

É o 5º assassinato de uma autoridade nos últimos três meses no Paraguai segundo levantamento feito pelo UOL, que mapeou 28 mortes com características compatíveis com crimes cometidos pelo narcotráfico no período —média de uma morte a cada três dias.

De acordo com a polícia paraguaia, dois homens desceram armados de uma motocicleta e invadiram o escritório de Galeano, atingido por ao menos um tiro na cabeça e outros dois no peito. Depois do crime, os suspeitos fugiram do local em uma bicicleta, segundo informaram testemunhas ás autoridades policiais.

Em 14 de julho de 2018, o ex-juiz já tinha sido alvo de um atentado quando um brasileiro tentou surpreendê-lo quando ele estava prestes a entrar na própria casa. Contudo, Galeano reagiu e disparou contra o suspeito, que morreu no local.

Autoridades na mira do crime - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Políticos, policiais e magistrados

Segundo levantamento do UOL, três políticos e um policial foram assassinados nos últimos três meses em crimes atribuídos a matadores supostamente ligados a organizações criminosas locais ou ao PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraguai.

Um dos episódios de maior repercussão envolveu o assassinato do ex-deputado Carlos Rubens Sanchez Garcete, o Chicharõ, fuzilado dentro da própria casa em Pedro Juan Caballero no dia 7 de agosto. Criminosos com uniformes e emblemas da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) se identificaram como agentes em operação contra o tráfico para conseguirem entrar no imóvel.

O episódio mais recente ocorreu no dia 12 de outubro, quando o policial paraguaio Hugo Ronaldo Acosta foi assassinado a tiros em Pedro Juan Caballero. Próximo ao corpo, os autores do crime deixaram um bilhete, que dizia: "Para de oprimir a população lá dentro porque vamos pegar vocês como pegamos anteriormente os companheiros seus".

Assassinatos em série

Nos últimos três meses, houve ao menos seis atentados com mais de uma vítima. Os casos foram registrados em quatro municípios dos dois países, em pontos estratégicos para o comércio internacional de entorpecentes: a fronteira entre Pedro Juan Caballero com a brasileira Ponta Porã (MS) e a divisa entre a paraguaia Capitán Bado e Coronel Sapucaia (MS).

Atentados com mais de uma vítima - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Entre os ataques, a chacina que deixou quatro pessoas mortas ao serem atingidas por mais de 100 disparos de fuzil no dia 9 de outubro na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero.

Forças de segurança dos dois países costuram uma força-tarefa para garantir a legalidade na troca de informações. E, assim, facilitar as ações no combate ao narcotráfico na região.

O primeiro massacre com base no acirramento recente envolvendo o narcotráfico ocorreu em 26 de julho, quando um casal foi atingido por mais de 30 disparos em uma choperia na cidade paraguaia. Apenas seis dias depois, dois irmãos foram mortos em um atentado com as mesmas características.