Flagrante em prisão-motel abre guerra de versões sobre chacina no Paraguai
A suspeita de envolvimento de um narcotraficante que cumpria pena em uma espécie de "prisão-motel" em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, com a chacina que resultou em quatro mortes, na mesma cidade, desencadeou uma guerra de versões sobre a onda de assassinatos nos últimos dias na fronteira do país com o Brasil.
Flagrado na manhã de quinta-feira (14) em uma cela VIP com uma amante, o narcotraficante Faustino Ramón Aguayo Cabañas é apontado como suspeito de ser o mandante do crime, por motivações passionais. Contudo, agentes paraguaios não descartam outra linha de investigação, que aponta a ligação das mortes com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na "prisão-motel" de Cabañas, em Pedro Juan Caballero, policiais encontraram cama de casal, televisão, mesa de bilhar, ar-condicionado, internet e celulares. Após a inspeção, a penitenciária foi fechada temporariamente pelo governo paraguaio.
As celas, que eram privadas, foram transformadas em celas VIP. Paralelamente, continua a investigação criminal e fiscal. Essas celas são fruto de um ato de corrupção."
Cecília Pérez, ministra da Justiça do Paraguai, em entrevista coletiva após a ação
Alvo do PCC ou vítima de crime passional?
Segundo a polícia paraguaia, o alvo da chacina era Osmar Vicente Alvarez Grance, um dos mortos. Mas a motivação ainda não está esclarecida.
Uma das linhas de investigação aponta que ele seria ex-namorado de Mirna Keldryn Romero Lesme, 22, a amante de Cabañas flagrada na cela VIP. Contudo, a polícia não descarta o envolvimento da facção criminosa paulista, que desconfiava que a vítima pudesse ser informante das forças de segurança.
Segundo a polícia do país vizinho, Mirna é filha do braço direito de José Carlos Acevedo, prefeito reeleito de Pedro Juan Caballero. O próprio prefeito negou o suposto envolvimento do narcotraficante no crime.
Acevedo disse que os responsáveis pela ação teriam ligações com a facção criminosa paulista e estariam sendo acobertados por "policiais corruptos". O político é irmão de Ronald Acevedo, governador de Amambay, e tio de Haylee Carolina Acevedo Yunis, outra vítima da chacina.
PCC nega crime
Osmar, suposto alvo da chacina no Paraguai, era dono de uma lavanderia onde 14 membros da cúpula do PCC foram presos em 23 de março deste ano com armas, munição e dinheiro vivo. Um deles era Weslley Neres dos Santos, o Bebezão, apontado na época como chefe da facção na fronteira.
O caso já repercute no sistema prisional de São Paulo. Integrantes do PCC presos assinaram uma nota negando envolvimento no crime, sob a alegação de que não matam "pessoas inocentes". A veracidade do texto foi confirmada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), que informou ter captado a mensagem por meio do serviço de inteligência do órgão.
Onda de mortes nos últimos 5 dias
A onda de assassinatos começou na sexta-feira passada (8), quando o vereador Farid Charbell Badaoui Afif foi morto a tiros em Ponta Porã (MS). No dia seguinte, uma chacina deixou quatro mortos na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero.
Um outro atentado ocorreu na noite desta terça-feira (12), quando o corpo do policial Hugo Ronaldo Acosta foi encontrado dentro de um carro, também em Pedro Juan Caballero. De acordo com o jornal La Nación, os tiros atingiram uma casa, onde foi deixado um bilhete em português. "Para de oprimir a população lá dentro porque vamos pegar vocês como pegamos anteriormente os companheiros seus", diz o texto.
Na quarta (13), atiradores em motos atacaram um grupo de pessoas em Capitán Bado, cidade paraguaia próxima de Pedro Juan Caballero, deixando um morto e dois feridos. Segundo a polícia paraguaia, o alvo do ataque era o vereador Ismael Valiente. Atingido no rosto e no braço, o político foi levado às pressas para um hospital, onde está internado em estado estável.
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