'Vão matar os polícias': como foram as agressões a PMs em baile funk de SP
Cercados, dois policiais militares começam a ser agredidos por frequentadores de um baile funk. Um deles é atingido por um soco no rosto, chutes, pedras e garrafadas. O colega de farda se afasta para disparar, mas é contido por outro homem. "Vão matar os polícias!", grita uma pessoa em meio à multidão.
A cena, gravada em vídeo, também consta no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil. O caso aconteceu na manhã do último domingo (5) na região da Brasilândia, zona norte de São Paulo. Na manhã desta segunda-feira (6), dia seguinte ao episódio, o UOL circulou pelo local onde ocorreram as agressões.
Receosos, os moradores se negaram a conversar com a reportagem sobre as agressões, ocorridas na estrada da Cachoeira. Um comerciante se limitou apenas a confirmar que Cleyton Tavares Boaventura, ferido por um tiro no braço esquerdo e preso em flagrante após o episódio, morava lá.
Liberado ontem à tarde em audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda, o suspeito de agredir os policiais militares já foi condenado por envolvimento em crimes como tráfico de drogas e roubo.
Ele também é apontado pela polícia como membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) —o próprio Cleyton afirmou aos policiais "que pertencia à organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios", em referência à facção.
"Ele já pagou pelo que fez no passado. Hoje, é dono de um comércio lícito em frente ao local dos fatos e não oferece risco para a sociedade. Por isso, ele saiu", disse o advogado Renato Goulart Oliveira.
Com base nos vídeos, a Polícia Civil afirmou que Cleyton era o homem que aparecia dando uma série de socos no policial e tentando retirar a arma de fogo dele. "O caso ainda está sendo apurado", afirmou Oliveira.
'Sujeito a cacete' e ronda da PM após agressões
A reportagem flagrou o momento em que uma viatura da Polícia Militar de São Paulo passou lentamente pelo local na manhã de ontem. De dentro do veículo, agentes fixaram o olhar nos frequentadores de um bar em frente a uma quadra esportiva, enquanto a rotina por ali seguia, alheia à tensão.
Mercados, bares e farmácias funcionavam normalmente. Crianças com mochilas às costas caminhavam pela calçada a caminho da escola.
Mais à frente, havia uma faixa estendida na rua com um recado: "proibido tirar de giro e chamar no grau. Sujeito a cacete. Não vamos admitir esses tipos de situação na comunidade". Na gíria, a mensagem era destinada a motociclistas, proibidos de fazer barulho excessivo ou empinar o veículo, sob pena de agressão.
Embora não relacione o episódio das agressões com a criminalidade na região, o delegado Hélio Bressan, da Seccional Norte, revelou a existência de investigações anteriores da Polícia Civil sobre a atuação do tráfico de drogas na Brasilândia.
"Não há uma ligação direta entre os fatos. Mas a Polícia Civil já estava fazendo investigação de tráfico de entorpecentes naquela região. É importante dizer que nada vai impedir a prestação de serviço de segurança pública à população naquela região", disse em entrevista ao UOL.
Agressores tentaram roubar arma de PM
Os policiais militares informaram que iniciaram uma perseguição ao perceberem que dois homens circulavam sem capacete em uma moto com a placa encoberta na manhã de domingo na região da Brasilândia.
Em fuga, os suspeitos abandonaram o veículo em frente a um local onde acontecia um baile funk na estrada Cachoeira, e fugiram a pé em meio à multidão. De acordo com a investigação, os policiais militares começaram a ser agredidos quando tentavam capturar os suspeitos.
Em meio às agressões, um dos policiais militares disparou. Ao sacar a arma, o seu colega de farda quase foi desarmado por um agressor.
Um policial é agredido a socos por um indivíduo enquanto outro o agarra. E um terceiro salta e desfere contra o policial um pontapé (...). O outro policial recebe um estrangulamento. E é possível visualizar que a outra mão deste indivíduo se dirige à cintura do policial militar, numa provável tentativa de tomada de arma"
Trecho do boletim de ocorrência da Polícia Civil
"É possível ouvir o barulho de garrafas quebrando (...). No vídeo, há um áudio afirmando que 'vão matar os polícias'. A dinâmica denota, ao menos conforme elementos até agora colhidos, intenção de linchamento dos policiais por parte da população", complementa o registro policial.
As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.
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