Menos de 24h após evacuação, 'cracolândia' volta para a rua Helvétia
Um grupo formado por mais de 400 usuários de drogas voltou a ocupar hoje à tarde a rua Helvétia, no centro de São Paulo, menos de 24h após a remoção da chamada "cracolândia" do local.
Retirados por volta das 19h de ontem do trecho entre a avenida São João e a rua Barão de Campinas após relatos de moradores que reclamavam do barulho e da insegurança, os usuários de drogas se instalaram na rua Doutor Frederico Steidel, a apenas um quarteirão dali, do outro lado da avenida São João. Nos últimos dias, pessoas em situação de rua têm perambulado sem rumo certo pelas ruas do entorno.
Por volta das 15h de hoje, os usuários de drogas deixaram a rua Doutor Frederico Steidel e voltaram a se instalar na Helvétia. Após o deslocamento, seis viaturas da Polícia Militar foram ao local, mas não permaneceram por lá. Pela manhã, moradores do bairro Campos Elíseos protestaram contra o fluxo de migração após a desocupação da praça Princesa Isabel, na última quarta-feira (11).
Os próprios policiais militares demonstravam preocupação com o retorno dos dependentes químicos para a rua Helvétia. Um deles advertiu o UOL sobre o risco de apedrejamento, caso os usuários de drogas percebessem que o deslocamento deles estava sendo fotografado. Do outro lado da avenida São João, moradores e comerciantes demonstravam receio com o novo deslocamento.
"Hoje mesmo, um dependente químico ameaçou quebrar o bar inteiro caso alguém filmasse a presença deles por aqui. Eles estão aqui o tempo inteiro. Com isso, os clientes ficam com medo e não entram. O problema é que agora eles estão dos dois lados da avenida", relata o balconista Wladimir dos Santos, 49.
"As pessoas não estão mais saindo de casa. Olha como está a situação por lá agora", diz o motorista Manuel João da Silva, 52, que observava o deslocamento à distância.
A comerciante Angela Maria Silva, 48, diz que cogita até mesmo fechar as portas do seu estabelecimento. "Eles voltaram para a Helvétia mais cedo do que eu imaginava".
Risco de 'apagão' teria motivado retirada
Pela manhã, quando não havia usuários de drogas na rua Helvétia, a reportagem encontrou algumas pessoas andando pela via. Dependentes químicos que tentavam se aproximar retornavam ao perceber que não havia mais a feira de drogas a céu aberto instalada na via.
Uma pessoa em situação de rua dormia na calçada, alheia ao protesto dos moradores, acompanhada por uma viatura da Polícia Militar parada na esquina, para evitar o retorno do fluxo para o local.
Fontes ligadas às forças de segurança informam que havia um planejamento para a retirada do fluxo de dependentes químicos do local devido ao risco de "apagão" em decorrência do furto de fios da rede elétrica instalada por ali. Contudo, ainda não há uma solução para o problema.
"A gente quer uma solução definitiva para os dependentes químicos, que precisam ser tratados com dignidade. Não é o que vem acontecendo. Os moradores são vítimas dessa situação. Mas os usuários de drogas também", argumentou o gestor financeiro Iezio Silva, 63, presidente de uma associação de moradores do bairro Campos Elíseos.
Para os moradores, a saída do fluxo da rua Helvétia para a rua Doutor Frederico Steidel não resolveu o problema de maneira definitiva.
"Meu filho, eu vi muita sujeira pelas ruas nos últimos dias. Eles ameaçam e assaltam as pessoas na região. O comércio está fechando as portas", relatou a comerciante Helena Vasconcelos, 60.
"Queremos que as autoridades encontrem um local adequado para os dependentes químicos. Estamos perdendo o direito de ir e vir. A sensação é de insegurança", completou a corretora Marina Veron, 56.
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