Lesões em corpo de ambientalista assassinado indicam briga, diz delegada
As lesões no corpo do ambientalista Adolfo Souza Duarte, o Ferrugem, morto na noite de 1º de agosto enquanto levava dois casais para um passeio na represa Billings, na zona sul de São Paulo, indicam que houve briga, segundo a Polícia Civil.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que ele foi morto por asfixia mecânica, indicando que houve enforcamento, causando uma reviravolta no caso. Com isso, a Justiça de São Paulo decretou ontem a prisão temporária dos quatro passageiros da embarcação que estavam com a vítima.
Até então tratados como testemunhas, os quatro relataram que Ferrugem havia morrido por afogamento após resgatar uma das passageiras da represa após um solavanco na embarcação. Inicialmente, o caso foi tratado como morte suspeita, quando não é possível determinar a causa do óbito.
Encontrado na manhã de 6 de agosto pelo Corpo de Bombeiros próximo à primeira balsa da represa Billings, na região do Grajaú, zona sul da capital paulista, o corpo dele foi reconhecido por familiares.
Quais lesões indicaram que houve briga? O exame do IML apontou que Ferrugem sofreu uma pequena hemorragia no crânio e escoriações no joelho, possivelmente causados em decorrência de uma briga dentro da embarcação, segundo a polícia.
"Foram verificadas algumas lesões de grau leve, que não seriam passíveis de acarretar a morte, mas indicam a possibilidade de ter ocorrido algum conflito", disse hoje de manhã a delegada Jakelline Barros, do 101º DP (Jardim das Imbuias), responsável pela investigação.
Quem são os suspeitos e quando eles serão novamente ouvidos? Vithorio Alax Silva Santos, 23, Mauricius da Silva, 23, Katielle Souza Santos, 28, e Mikaelly da Silva Souza Moreno, 19, foram presos ontem temporariamente.
Os suspeitos prestarão depoimento à Polícia Civil nos próximos dias para que possam ser ouvidos novamente após o laudo constatar a morte causada por asfixia mecânica, e não afogamento.
"Os investigados serão novamente ouvidos de forma detalhada. Eles terão a oportunidade de trazer as suas versões considerando aquilo que temos de novidade na investigação", explicou a delegada Jakelline Barros.
Vítima já estava morta quando caiu na água. Ferrugem já estava morto quando caiu na represa, indica o laudo do IML. "Agora, nós temos provas técnicas que excluem um afogamento. Isso entra em contradição com as versões [dos suspeitos]. A pessoa que [informou ter caído] com a vítima na água disse que foi auxiliada pela vítima. Isso é impossível, porque a vítima já estava morta", disse a delegada.
"Ainda é precipitado dizer o que efetivamente teria ocorrido [dentro da embarcação]", declarou.
O que diz a defesa dos suspeitos? À Folha de S. Paulo ontem, o advogado André Nino questionou a prisão dos suspeitos. "Não tem base para a prisão. Eles estão cooperando", disse. A reportagem do UOL não conseguiu localizá-lo para que ele apresentasse de forma detalhada qual a versão do caso apresentada pela defesa dos suspeitos.
Ele disse, ainda, que os investigados mantêm a mesma versão inicial de que Ferrugem teria morrido ao cair na represa —embora o laudo do IML descarte essa hipótese. "Nós temos fortes indícios de que as pessoas mentiram, porque não houve afogamento", declarou a delegada Jakelline Barros.
Qual foi o percurso feito pela embarcação? Ainda não é possível determinar. Contudo, exames solicitados ao IC (Instituto de Criminalística) com base no GPS do barco apreendido irão determinar o percurso durante o crime.
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