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Lesões em corpo de ambientalista assassinado indicam briga, diz delegada

Os suspeitos presos, da esquerda para a direita, de cima para baixo: Vithorio Alax Silva Santos, Mauricius da Silva, Mikaelly da Silva Souza Moreno e Katielle Souza Santos - Reprodução
Os suspeitos presos, da esquerda para a direita, de cima para baixo: Vithorio Alax Silva Santos, Mauricius da Silva, Mikaelly da Silva Souza Moreno e Katielle Souza Santos Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

25/08/2022 12h36

As lesões no corpo do ambientalista Adolfo Souza Duarte, o Ferrugem, morto na noite de 1º de agosto enquanto levava dois casais para um passeio na represa Billings, na zona sul de São Paulo, indicam que houve briga, segundo a Polícia Civil.

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que ele foi morto por asfixia mecânica, indicando que houve enforcamento, causando uma reviravolta no caso. Com isso, a Justiça de São Paulo decretou ontem a prisão temporária dos quatro passageiros da embarcação que estavam com a vítima.

Até então tratados como testemunhas, os quatro relataram que Ferrugem havia morrido por afogamento após resgatar uma das passageiras da represa após um solavanco na embarcação. Inicialmente, o caso foi tratado como morte suspeita, quando não é possível determinar a causa do óbito.

Encontrado na manhã de 6 de agosto pelo Corpo de Bombeiros próximo à primeira balsa da represa Billings, na região do Grajaú, zona sul da capital paulista, o corpo dele foi reconhecido por familiares.

Quais lesões indicaram que houve briga? O exame do IML apontou que Ferrugem sofreu uma pequena hemorragia no crânio e escoriações no joelho, possivelmente causados em decorrência de uma briga dentro da embarcação, segundo a polícia.

"Foram verificadas algumas lesões de grau leve, que não seriam passíveis de acarretar a morte, mas indicam a possibilidade de ter ocorrido algum conflito", disse hoje de manhã a delegada Jakelline Barros, do 101º DP (Jardim das Imbuias), responsável pela investigação.

Adolfo Souza Duarte, de 41 anos, conhecido como Ferrugem, era presidente da ONG Meninos da Billings - Reprodução/Jornal da Record - Reprodução/Jornal da Record
Adolfo Souza Duarte, de 41 anos, conhecido como Ferrugem, era presidente da ONG Meninos da Billings
Imagem: Reprodução/Jornal da Record

Quem são os suspeitos e quando eles serão novamente ouvidos? Vithorio Alax Silva Santos, 23, Mauricius da Silva, 23, Katielle Souza Santos, 28, e Mikaelly da Silva Souza Moreno, 19, foram presos ontem temporariamente.

Os suspeitos prestarão depoimento à Polícia Civil nos próximos dias para que possam ser ouvidos novamente após o laudo constatar a morte causada por asfixia mecânica, e não afogamento.

"Os investigados serão novamente ouvidos de forma detalhada. Eles terão a oportunidade de trazer as suas versões considerando aquilo que temos de novidade na investigação", explicou a delegada Jakelline Barros.

Vítima já estava morta quando caiu na água. Ferrugem já estava morto quando caiu na represa, indica o laudo do IML. "Agora, nós temos provas técnicas que excluem um afogamento. Isso entra em contradição com as versões [dos suspeitos]. A pessoa que [informou ter caído] com a vítima na água disse que foi auxiliada pela vítima. Isso é impossível, porque a vítima já estava morta", disse a delegada.

"Ainda é precipitado dizer o que efetivamente teria ocorrido [dentro da embarcação]", declarou.

O que diz a defesa dos suspeitos? À Folha de S. Paulo ontem, o advogado André Nino questionou a prisão dos suspeitos. "Não tem base para a prisão. Eles estão cooperando", disse. A reportagem do UOL não conseguiu localizá-lo para que ele apresentasse de forma detalhada qual a versão do caso apresentada pela defesa dos suspeitos.

Ele disse, ainda, que os investigados mantêm a mesma versão inicial de que Ferrugem teria morrido ao cair na represa —embora o laudo do IML descarte essa hipótese. "Nós temos fortes indícios de que as pessoas mentiram, porque não houve afogamento", declarou a delegada Jakelline Barros.

Qual foi o percurso feito pela embarcação? Ainda não é possível determinar. Contudo, exames solicitados ao IC (Instituto de Criminalística) com base no GPS do barco apreendido irão determinar o percurso durante o crime.