Conteúdo publicado há 3 meses

Bolsonarista que matou petista no Paraná cai e quebra braço na prisão

O ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado de assassinar o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores Marcelo Arruda, em julho de 2022, em Foz do Iguaçu (PR), caiu dentro da própria cela e quebrou o braço.

O que aconteceu

Guaranho caiu durante o banho na madrugada desta sexta-feira (2). Ele está preso na Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu, desde quinta-feira (4), quando júri popular foi suspenso e adiado.

O ex-policial penal fraturou o braço esquerdo. Ele foi encaminhado ao hospital municipal de Foz do Iguaçu, recebeu atendimento e já retornou a unidade prisional. A informação foi confirmada pela Polícia Penal do Paraná. O órgão esclareceu que Guaranho estava alojado em uma cela individual.

Defesa de Guaranho diz que está "indignada" com o caso. O advogado Samir Mattar Assad argumentou que Jorge Guaranho permaneceu durante um ano e oito meses custodiado dentro do Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), e que nunca houve incidentes. "Durante esse período, não teve nenhum tipo de incidente ou de qualquer lesão à sua integridade física e psicológica", afirmou.

Defensor também criticou a demora no atendimento ao preso. Ele denunciou que Guaranho aguardou por 12 horas para ser encaminhado ao hospital. "Foi conduzido ao hospital público de Foz apenas às 14h de hoje. Sendo que os fatos ocorreram na Cadeia Pública às 2h da madrugada. A defesa está absolutamente indignada e não medirá esforços para que a saúde do Jorge Guaranho seja resguardada de maneira íntegra".

Os advogados do acusado estiveram na cadeia para atender o preso. Em um vídeo gravado na frente da unidade prisional e divulgado à imprensa, relataram que não tiveram acesso ao cliente. "Infelizmente, estão cerceando novamente o acesso dessa defesa ao seu cliente", disseram.

Júri foi adiado

O júri popular do caso foi adiado para o dia 2 de maio. A decisão foi tomada após a defesa do réu abandonar o plenário.

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Defesa de réu deixou o plenário após pedidos não serem atendidos. Os representantes legais do policial penal bolsonarista alegaram que houve cerceamento da defesa. O julgamento começou na manhã de quinta-feira.

Os advogados afirmaram ainda que Guaranho teria sido vítima de tentativa de homicídio. Um vídeo mostra o momento em que o policial penal levou mais de 20 chutes na cabeça após a ação que matou o guarda municipal petista Marcelo Arruda. A defesa do policial penal também questionou o fato de uma das testemunhas não ter sido localizada.

MP do Paraná vai pedir condenação por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. Ao denunciar o policial penal Jorge Guaranho, a Promotoria viu como motivação fútil a "preferência político-partidárias antagônicas dos envolvidos" e disse que o réu colocou a vida de outras pessoas em risco ao atirar.

Segundo a denúncia do MP, Guaranho disse que "petista vai morrer tudo" antes de atirar. O atirador cometeu o crime após invadir uma festa temática do PT do guarda municipal Marcelo Arruda, que comemorava o seu aniversário de 50 anos, em julho de 2022.

Defesa descarta motivação política e vai pedir absolvição. Os representantes legais de Guaranho alegam que o policial penal agiu em legítima defesa, já que Arruda estava com a arma em punho quando o atirador invadiu a festa onde ocorreu o crime.

Pena pode chegar a 30 anos de prisão. Caso o júri acolha a denúncia de homicídio qualificado, a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. Se houver o entendimento de que ocorreu homicídio simples, o réu pode ser condenado de 6 a 20 anos. No mês passado, Guaranho foi demitido do cargo de policial penal por Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública.

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Relembre o caso

Marcelo Arruda foi morto no dia 9 de julho de 2022, enquanto comemorava o seu aniversário. Conhecido militante do PT de Foz do Iguaçu, o guarda municipal celebrava os seus 50 anos em festa decorada com fotos de Lula e símbolos do partido.

O agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o evento. Aos gritos de "Bolsonaro" e "mito", segundo relatam testemunhas, o homem ameaçou os presentes e saiu. Arruda foi até o carro para pegar a arma, temendo que Guaranho voltasse.

Os dois se reencontraram e o agente penitenciário atirou no aniversariante, que, mesmo ferido, revidou.

Arruda morreu e Guaranho sobreviveu. Marcelo Arruda era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz (Sismufi), tesoureiro do PT municipal e foi candidato a vice-prefeito. Era casado e tinha quatro filhos - entre eles uma menina de seis anos e um bebê de apenas um mês.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu o policial penal. Guaranho foi demitido por três infrações disciplinares. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública esclareceu que demissão se deu pelo uso de recurso material da repartição em atividade particular, pela prática de ato de improbidade administrativa e pela e incontinência pública. Guaranho usou sua arma profissional para cometer o crime.

Um acordo garantiu o pagamento de indenização à família de Marcelo. Em fevereiro deste ano, a AGU (Advocacia-Geral da União) informou que vai garantir o pagamento de indenização no valor de R$ 1,7 milhão à companheira e aos quatro filhos de Marcelo Arruda.

A indenização será paga pela União. O acordo considerou que, entre outros fatores, o autor do crime se valeu da condição de agente público para acessar o local da festa e efetuar o disparo utilizando uma arma de propriedade da União.

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