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Rio Branco: Bocalom (PP) é o único apoiado por Bolsonaro eleito em capitais

Gabriela Sá Pessoa

Do UOL, em São Paulo

29/11/2020 20h45

Eleito em Rio Branco hoje, Tião Bocalom (PP) é o único entre os candidatos a prefeito apoiados por Jair Bolsonaro (sem partido) nas capitais que teve sucesso nas urnas em 2020. Ele recebeu 62,9% dos votos e derrotou a adversária Socorro Neri (PSB), atual prefeita da cidade.

Ex-prefeito de Acrelândia (AC) por três mandatos, é a quarta vez que Bocalom concorre ao cargo na capital do estado. Em 2018, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSL, mas também não se elegeu.

Apesar dessa relação partidária, o presidente só colou em Bocalom no segundo turno. Ele não foi citado nas "lives eleitorais gratuitas" de Bolsonaro nem apareceu na cola com números de candidatos que o presidente divulgou (e apagou) antes do primeiro turno.

Sem partido desde que se desfiliou do PSL, em 2019, o presidente atuou de maneira errática nestas eleições. Primeiro, disse que não se envolveria nas disputas. Depois, passou a endossar seus candidatos nas redes sociais e posando para fotos em encontros, como fez com Celso Russomanno (Republicanos), que naufragou pela terceira vez em São Paulo.

Quem publicou o vídeo de apoio presidencial ao futuro prefeito de Rio Branco foi o senador Márcio Bittar (MDB-CE). "Olá, prezado Bocalom. Estou com Bittar do meu lado. Neste segundo turno, estamos juntos. Boa sorte", diz o presidente.

Os dois outros nomes apoiados explicitamente por Bolsonaro nas capitais foram derrotados neste domingo. No Rio, a população confirmou a rejeição a Marcelo Crivella (Republicanos) e elegeu Eduardo Paes (DEM), com 64% dos votos. Em Fortaleza, o deputado federal Capitão Wagner (PROS) foi derrotado por Sarto (PDT), por 51,69% a 48,31%.

A relação com Crivella e Wagner esfriou. O presidente citou o candidato em Fortaleza enquanto falava com apoiadores no Palácio do Alvorada, mas não voltou a pedir votos. O próprio Wagner, apesar de alinhado às pautas bolsonaristas, se esforçou para manter distância do presidente ao longo da campanha.

"Domingo vou ao Rio de Janeiro, vou votar. Pessoal já sabe em quem vou votar, fiz campanha para o Marcelo Crivella", disse Bolsonaro na quinta-feira (26), já no final de sua live semanal. Segundo o jornal O Globo, o atual prefeito carioca foi a Brasília atrás do apoio do presidente em agendas de campanha na rua, mas ele recusou o pedido.

Os resultados de hoje confirmam Rio Branco como um bastião do bolsonarismo na região Norte. Em 2018, Bolsonaro encerrou o segundo turno presidencial com 82,77% na cidade, capital onde proporcionalmente recebeu mais votos naquela eleição. Há dois anos, o presidente levou a maioria dos votos em 21 capitais. Seu adversário, Fernando Haddad (PT), venceu em Recife, Aracaju, Salvador, São Luís, Teresina e Fortaleza.

Pesquisas de opinião realizadas durante a campanha de 2020 mostraram que o presidente vem perdendo apoio nas capitais. Em 19 delas, o percentual dos que consideram seu governo ótimo ou bom variou negativamente em 19 cidades. Em sete, a avaliação ficou dentro da margem de erro e em outras 12, há sinais de desgaste na imagem do governo.

No segundo turno, distanciou-se das disputas e gravou apoio para três candidatos, além de Bocalom. Bolsonaro saiu vitorioso nas cidades menores: Roberto Naves (PP) se elegeu com 61,28% dos votos, em Anápolis (GO), e Capitão Nelson (Avante), com 50,79% em São Gonçalo (RJ).

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